No dia do aniversário do filho Roberto Carlos, Lady Laura é enterrada na presença de família, amigos e multidão de fãs

Eufóricos pela presença do astro, fãs entoaram "Jesus Cristo" e só silenciaram para ouvir o Rei cantar música de 1978, escrita para a mãe

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

Roberto Carlos cantou baixinho "Lady Laura, me leve pra casa, Lady Laura, me faça dormir" na manhã de ontem. Parou os versos para enxugar as lágrimas e virar o rosto quando o caixão que levava o corpo da mãe desceu ao solo no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste do Rio.
Laura Moreira Braga, a Lady Laura do Rei, morreu no último sábado, aos 96 anos, após passar quase um mês internada por causa de uma infecção respiratória. Ela deixa sete netos, oito bisnetos e quatro filhos -Roberto, o mais ilustre deles, completou 69 anos ontem.
"Lalá", como era conhecida pelos amigos, "foi embora no dia em que o colocou na vida", disse o empresário do cantor, Dodi Sirena. "Ela era de um amor por Roberto, de uma admiração... Escolheu para ir embora o final das comemorações dos 50 anos de carreira."
Segundo Dodi, o Rei não dormiu desde a noite de sábado, quando recebeu a notícia, e "sofre muito" por não ter chegado a tempo de se despedir da mãe.
No Jardim da Saudade, ele foi recebido por cerca de 400 pessoas, perdidas entre manifestar ou conter a euforia de ver o ídolo. "Vim ver o Roberto, sim, porque eu não posso ir a um show", dizia Maria Elisa da Silva, 87, que saiu de casa às 7h para assistir ao enterro.
O corpo de Lady Laura chegou ao cemitério às 10h20, acompanhado de escolta policial. Os fãs puxaram o refrão de "Jesus Cristo", interrompido por aplausos quando o Rei (de azul e óculos escuros) desceu rumo à capela. Lá, amigos e parentes participaram de oração com o padre Antônio Maria.
Contida pelo cordão de isolamento, a multidão cantou trechos de "Nossa Senhora" e fez silêncio apenas para que o Rei cantasse, sozinho, "Lady Laura", música que ele escreveu para a mãe em 1978.
"Quando trabalhávamos de madrugada nos discos, ela sempre aparecia no meio, às 2h, 3h, com um saquinho de bala ou um chocolatinho", contou o produtor Guto Graça Mello.
"Dona Laura era a alma gêmea do Roberto", disse Rosemary, cantora que viveu a jovem guarda com o Rei. "Ela foi muito companheira, admiradora. Esteve sempre presente e de uma maneira discreta."
"A coisa que Lalá mais tinha orgulho era do trabalho dele", completou Dodi Sirena. Segundo ele, o cantor seguirá a agenda de shows, com o próximo em Lima, no Peru, dia 4 de maio.
Erasmo Carlos, que havia sido cercado por repórteres e fotógrafos no hospital Copa D'Or, onde estava internada Lady Laura, esperou a chegada do corpo dentro de um carro e só então saiu para a oração na capela. "É um momento triste. Não é hora de falar", disse. Wanderléa também desceu do carro somente para a oração.
O túmulo de Lady Laura, ao lado do de Cássia Eller (1962-2001), ficou coberto por coroas de flores, entre elas as enviadas por seus vizinhos do edifício na Urca, zona sul do Rio, onde morava no andar debaixo do filho.


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