São Paulo, sábado, 20 de maio de 2000


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EXPOSIÇÃO
Imagens de 25 fotógrafos internacionais documentam movimento que influenciou artes cênicas em todo o mundo
SP vê "tempero" da dança-teatro alemã

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Poucas correntes artísticas geraram tantas imagens fotográficas como a dança-teatro alemã. Algumas dessas fotos chegam a São Paulo após terem excursionado pela Europa e pelos EUA.
O instituto Goethe de Munique, em 1998, publicou o livro "Tanztheater Today" e organizou uma exposição com fotos de 18 das mais prestigiadas companhias alemãs. Típico da organização teuta, eles já comemoravam com antecedência o surgimento da corrente que mais influenciou a dança no fim do século 20.
Foi em 1971 que a primeira companhia alemã recebeu o nome de dança-teatro, quando o coreógrafo Gerhard Bohner assumiu a direção do teatro de Darmstadt, até então uma companhia de balé. Em 1973, foi a vez da coreógrafa alemã Pina Bausch nomear a companhia do teatro da cidade de Wuppertal, que desde então dirige, para dança-teatro.
Foi Bausch quem tornou a dança-teatro mundialmente conhecida. Hoje, apesar de apenas 20% das companhias alemãs assumirem o nome de dança-teatro, são elas que, segundo o crítico alemão Jochen Schmidt, representam " o tempero na sopa".
A única exceção, que assume o nome de balé e alcança reconhecimento internacional, é o coreógrafo William Forsythe, que dirige o Balé de Frankfurt, presente no livro e na exposição.
Mas o termo dança-teatro é muito anterior à sua institucionalização. Foi o coreógrafo alemão Kurt Joss, nos anos 20, quem criou o termo para representar uma "dança síntese do balé clássico com nova gramática e, ao mesmo tempo, que expressasse todas as fases do drama".
Após a Segunda Guerra Mundial, Joss reassumiu a direção da Escola Folkwang, em Essen, onde Bausch e a maioria dos coreógrafos alemães estudaram.
Não é pelo movimento que a dança-teatro conquistou fama. Apesar de ser conhecida pelos recursos de encenação, é na preocupação com o humano que reside a força da dança-teatro. Ao centrar os espetáculos nos sentimentos humanos e, por meio deles, realizar diálogos com a dança, é que essa corrente ganhou seu espaço.
Um exemplo é a encenação de "Kontakthof", que Pina Bausch criou em 1978 e reencenou no mês de fevereiro deste ano, apenas com pessoas acima de 65 anos. À Folha, Bausch explicou que "a peça trata do desejo de encontrar alguém, o que pode ser encenado tanto por idosos como por adolescentes".
No livro e na exposição estão, além de Bausch, fotos da companhia do coreógrafo Johan Kresnik que, em 1992, fez a montagem de "Zero" com o Balé da Cidade de São Paulo. Kresnik representa a crítica política na dança-teatro.
Também é exibido o trabalho do bailarino e coreógrafo Ismael Ivo, que até junho dirige a companhia de dança-teatro em Weimar.
Em São Paulo, para comemorar os 30 anos do movimento, além de organizar a exposição de fotos e lançar "Tanztheater Today" (que está disponível em inglês, alemão ou espanhol), o instituto Goethe promove um debate, no dia 27, com especialistas sobre o tema e lança, no mesmo dia, o livro "Pina Bausch e o Wuppertal Dança-Teatro: Repetição e Transformação", de Ciane Fernandes.


Exposição: Dança-Teatro: 30 Anos de História da Dança Alemã
Onde: instituto Goethe (r. Lisboa, 974, Pinheiros, tel. 0/xx/11/280-4288)
Quando: de hoje a 14/6, de seg. a qui., das 9h às 22h; sex., até 20h; sáb., até 16h
Quanto: entrada franca; o livro Tanztheater Today - Thirty Years of German Dance History custa R$ 30, na livraria do Goethe


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