|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EXPOSIÇÃO
Imagens de 25 fotógrafos internacionais documentam movimento que influenciou artes cênicas em todo o mundo
SP vê "tempero" da dança-teatro alemã
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Poucas correntes artísticas geraram tantas imagens fotográficas
como a dança-teatro alemã. Algumas dessas fotos chegam a São
Paulo após terem excursionado
pela Europa e pelos EUA.
O instituto Goethe de Munique,
em 1998, publicou o livro "Tanztheater Today" e organizou uma
exposição com fotos de 18 das
mais prestigiadas companhias
alemãs. Típico da organização
teuta, eles já comemoravam com
antecedência o surgimento da
corrente que mais influenciou a
dança no fim do século 20.
Foi em 1971 que a primeira
companhia alemã recebeu o nome de dança-teatro, quando o coreógrafo Gerhard Bohner assumiu a direção do teatro de
Darmstadt, até então uma companhia de balé. Em 1973, foi a vez
da coreógrafa alemã Pina Bausch
nomear a companhia do teatro da
cidade de Wuppertal, que desde
então dirige, para dança-teatro.
Foi Bausch quem tornou a dança-teatro mundialmente conhecida. Hoje, apesar de apenas 20%
das companhias alemãs assumirem o nome de dança-teatro, são
elas que, segundo o crítico alemão
Jochen Schmidt, representam " o
tempero na sopa".
A única exceção, que assume o
nome de balé e alcança reconhecimento internacional, é o coreógrafo William Forsythe, que dirige o Balé de Frankfurt, presente
no livro e na exposição.
Mas o termo dança-teatro é
muito anterior à sua institucionalização. Foi o coreógrafo alemão
Kurt Joss, nos anos 20, quem
criou o termo para representar
uma "dança síntese do balé clássico com nova gramática e, ao mesmo tempo, que expressasse todas
as fases do drama".
Após a Segunda Guerra Mundial, Joss reassumiu a direção da
Escola Folkwang, em Essen, onde
Bausch e a maioria dos coreógrafos alemães estudaram.
Não é pelo movimento que a
dança-teatro conquistou fama.
Apesar de ser conhecida pelos recursos de encenação, é na preocupação com o humano que reside a
força da dança-teatro. Ao centrar
os espetáculos nos sentimentos
humanos e, por meio deles, realizar diálogos com a dança, é que
essa corrente ganhou seu espaço.
Um exemplo é a encenação de
"Kontakthof", que Pina Bausch
criou em 1978 e reencenou no
mês de fevereiro deste ano, apenas com pessoas acima de 65
anos. À Folha, Bausch explicou
que "a peça trata do desejo de encontrar alguém, o que pode ser
encenado tanto por idosos como
por adolescentes".
No livro e na exposição estão,
além de Bausch, fotos da companhia do coreógrafo Johan Kresnik
que, em 1992, fez a montagem de
"Zero" com o Balé da Cidade de
São Paulo. Kresnik representa a
crítica política na dança-teatro.
Também é exibido o trabalho
do bailarino e coreógrafo Ismael
Ivo, que até junho dirige a companhia de dança-teatro em Weimar.
Em São Paulo, para comemorar
os 30 anos do movimento, além
de organizar a exposição de fotos
e lançar "Tanztheater Today"
(que está disponível em inglês,
alemão ou espanhol), o instituto
Goethe promove um debate, no
dia 27, com especialistas sobre o
tema e lança, no mesmo dia, o livro "Pina Bausch e o Wuppertal
Dança-Teatro: Repetição e Transformação", de Ciane Fernandes.
Exposição: Dança-Teatro: 30 Anos de História da Dança Alemã
Onde: instituto Goethe (r. Lisboa, 974, Pinheiros, tel. 0/xx/11/280-4288)
Quando: de hoje a 14/6, de seg. a qui., das 9h às 22h; sex., até 20h; sáb., até 16h
Quanto: entrada franca; o livro Tanztheater Today - Thirty Years of
German Dance History custa R$ 30, na livraria do Goethe
Texto Anterior: Drauzio Varella: Droga pesada Próximo Texto: Pina Bausch quer criar espetáculo sobre o Brasil Índice
|