São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2011

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ANÁLISE

Revitalização dará sobrevida a edifício cultural que ficou na UTI

FERNANDO SERAPIÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Prestes a completar um século, o Theatro Municipal de São Paulo está saindo de sua terceira longa temporada na UTI, quando permaneceu quase três anos entubado.
Sim, como as pessoas, os edifícios nascem, vivem e morrem. E quando são culturalmente importantes para uma comunidade, é preciso investimento para mantê-los ativos.
Foram duas frentes de trabalho: restauro e atualização do palco. A restauração, dentro e fora, foi trabalho de 70 profissionais especializados.
O maior vilão da pele do edifício é a poluição. As paredes ganharam somente um banho sem pressão na água para que a velha dama não perdesse sua silhueta graciosamente massuda.
"Não era o caso de uma lipoaspiração", exemplifica Lilian Jaha, arquiteta do teatro. Já o arenito pedia intervenção cirúrgica. Buracos e rachaduras nos 1.500 metros quadrados de pedra foram tratados com "obturação" e "próteses" (estes são realmente os termos técnicos).
Por sorte, a jazida de arenito usada na construção do teatro ainda está em atividade, na histórica Fazenda Ipanema, de Sorocaba. Cerca de 500 portas e janelas de madeira, cobertura e os vitrais, entre outros itens, também foram renovados.
Por dentro, o saguão ganhou nova pintura, com efeito marmorizado, que pretende disfarçar as manchas deixadas pela tinta acrílica do último restauro. Quem vai roubar a cena é o bar: imagine o contraste das pinturas decorativas do teto (de inspiração art-nouveau) com o mobiliário contemporâneo dos irmãos Campana.
Mas o destaque está nos bastidores: o palco foi completamente atualizado. Mesmo que tenham custado o preço de um teatro de médio porte, tal como um coração novo, os novos equipamentos deverão garantir sobrevida a um dos espaços culturais mais importantes da cidade.

FERNANDO SERAPIÃO é crítico de arquitetura e editor da revista "Monolito"


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