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NETVOX
Microsoft e governo brigam por um palmo de tela
MARIA ERCILIA
do Universo Online
Se fosse um filme, o processo
do Departamento de Justiça
norte-americano contra a Microsoft seria o "Titanic". É
uma superprodução, com a
participação de 20 Estados do
país, e já deu prejuízo de mais
de US$ 2 bilhões à Microsoft,
só com a baixa de suas ações
na segunda-feira. É o maior
processo antitruste já movido
desde o desmembramento da
AT&T em 1984.
No entanto, essa guerra se
passa num campo de batalha
minúsculo: o desktop. É o primeiro processo desse tamanho
que lida com coisinhas como
ícones, links, barras e configurações. O Departamento de
Justiça quer basicamente impedir a empresa de:
* Acrescentar novos programas ao Windows.
* Colocar ícones de seus próprios produtos e de outras empresas no desktop do Windows.
* Forçar fabricantes de computador a incluir o Explorer
no Windows e proibir empresas com quem tem contrato de
anunciar ou usar produtos de
rivais.
Nada disso sai dos limites da
tela do computador -é pelo
controle dela que a Justiça e a
Microsoft brigam. Por quantas
vezes a Microsoft vai colocar
links para seus próprios sites e
ícones para seus próprios programas, ou o quanto vai conseguir chutar para fora dessa
tela os ícones e links de outros
programas, de outras empresas
e de outros sites.
À primeira vista é esquisito
ver homens argumentando sobre barrinhas, botões e links.
Mas faz sentido quando lembramos que o Windows é usado por 90% dos PCs do planeta. É o logotipo mais contemplado e o conjunto de símbolos
compreendido por mais gente
no mundo inteiro.
Em algum momento a Microsoft percebeu que controla
o melhor canal de distribuição
de propaganda das próximas
décadas: uma tela para onde
estão dirigidos os olhos de cada vez mais pessoas, por cada
vez mais tempo.
E vem tentando transformar
a interface do Windows no
oposto de um sistema operacional, que deveria ser uma
ferramenta o mais transparente e invisível possível, para servir às necessidades do usuário.
Como o Mac OS, modelo original do Windows: você controla o que vai na sua tela,
conforme o que você precisa
ver. Já o Windows 95 vai instalando sem cerimônia o Explorer, o Outlook etc. -ele serve
mais às necessidades da Microsoft do que do consumidor.
Mas as possibilidades vislumbradas pela Microsoft não
param aí. Os canais do Explorer colocam links para empresas "parceiras" (que pagaram
pelos links). Atalhos podem levar para os sites da Microsoft e
assim por diante. No Windows
98, pequenos ícones do Explorer ficam ao lado de cada nome de arquivo -devem ser os
menores e mais irritantes
anúncios do mundo.
A Microsoft chama isso de
integração de produto: o desktop transformado numa paisagem pasteurizada e controlada, numa porta para locais
predeterminados na Internet.
A empresa costuma afirmar
que seu sistema operacional é
totalmente configurável e que
tudo pode ser alterado.
Mas a verdade é que não torna essa tarefa fácil, porque seu
interesse é ter o maior controle
possível sobre a aparência da
tela. Um sistema operacional
que desse liberdade ao usuários teria um mínimo de opções pré-configuradas e deixaria o resto ao gosto do freguês.
Enquanto essas questões envolviam apenas usar o Netscape ou o Explorer, pareciam firulas de gente obcecada por
computador. Mas, quando
anúncios de banco flutuam na
sua tela, a coisa muda. E vai
ser esse o assunto do processo
que começou esta semana e
que pode durar anos: o grau de
liberdade que temos nesse palminho de tela.
SITE TEM ARTE MÍNIMA
Alexei Shulgin
inventou a "form
art"
(www.c3.hu/hyper3/form/), que usa
somente aqueles
elementos mais
sem graça do
HTML, como
botões,
caixinhas,
janelas e menus,
que deslizam de
forma
imprevisível ao
menor toque. O
resultado é uma
caixinha de
surpresas
OVINHO DO AMOR
O ovinho vem em versão macho
ou fêmea, azul ou cor-de-rosa. O
dono pode configurá-lo para mostrar, com luzinhas, se ele está disposto a conversar, cantar karaokê
ou a fim de "qualquer coisa".
Agora que os Tamagotchis foram
aposentados, o Lovegety está em
alta. Quando uma portadora do
brinquedo chega a 4,5 m de um
portador, ele começa a bipar. De
acordo com o código de luzes do
ovinho, a dupla pode se entender
ou não... Há planos para uma versão de luxo, que já sai bipando a
100 m do alvo.
E-mail: netvox@uol.com.br
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