São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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NETVOX
Microsoft e governo brigam por um palmo de tela

MARIA ERCILIA
do Universo Online

Se fosse um filme, o processo do Departamento de Justiça norte-americano contra a Microsoft seria o "Titanic". É uma superprodução, com a participação de 20 Estados do país, e já deu prejuízo de mais de US$ 2 bilhões à Microsoft, só com a baixa de suas ações na segunda-feira. É o maior processo antitruste já movido desde o desmembramento da AT&T em 1984.
No entanto, essa guerra se passa num campo de batalha minúsculo: o desktop. É o primeiro processo desse tamanho que lida com coisinhas como ícones, links, barras e configurações. O Departamento de Justiça quer basicamente impedir a empresa de:
* Acrescentar novos programas ao Windows.
* Colocar ícones de seus próprios produtos e de outras empresas no desktop do Windows.
* Forçar fabricantes de computador a incluir o Explorer no Windows e proibir empresas com quem tem contrato de anunciar ou usar produtos de rivais.
Nada disso sai dos limites da tela do computador -é pelo controle dela que a Justiça e a Microsoft brigam. Por quantas vezes a Microsoft vai colocar links para seus próprios sites e ícones para seus próprios programas, ou o quanto vai conseguir chutar para fora dessa tela os ícones e links de outros programas, de outras empresas e de outros sites.
À primeira vista é esquisito ver homens argumentando sobre barrinhas, botões e links. Mas faz sentido quando lembramos que o Windows é usado por 90% dos PCs do planeta. É o logotipo mais contemplado e o conjunto de símbolos compreendido por mais gente no mundo inteiro.
Em algum momento a Microsoft percebeu que controla o melhor canal de distribuição de propaganda das próximas décadas: uma tela para onde estão dirigidos os olhos de cada vez mais pessoas, por cada vez mais tempo.
E vem tentando transformar a interface do Windows no oposto de um sistema operacional, que deveria ser uma ferramenta o mais transparente e invisível possível, para servir às necessidades do usuário.
Como o Mac OS, modelo original do Windows: você controla o que vai na sua tela, conforme o que você precisa ver. Já o Windows 95 vai instalando sem cerimônia o Explorer, o Outlook etc. -ele serve mais às necessidades da Microsoft do que do consumidor.
Mas as possibilidades vislumbradas pela Microsoft não param aí. Os canais do Explorer colocam links para empresas "parceiras" (que pagaram pelos links). Atalhos podem levar para os sites da Microsoft e assim por diante. No Windows 98, pequenos ícones do Explorer ficam ao lado de cada nome de arquivo -devem ser os menores e mais irritantes anúncios do mundo.
A Microsoft chama isso de integração de produto: o desktop transformado numa paisagem pasteurizada e controlada, numa porta para locais predeterminados na Internet.
A empresa costuma afirmar que seu sistema operacional é totalmente configurável e que tudo pode ser alterado.
Mas a verdade é que não torna essa tarefa fácil, porque seu interesse é ter o maior controle possível sobre a aparência da tela. Um sistema operacional que desse liberdade ao usuários teria um mínimo de opções pré-configuradas e deixaria o resto ao gosto do freguês.
Enquanto essas questões envolviam apenas usar o Netscape ou o Explorer, pareciam firulas de gente obcecada por computador. Mas, quando anúncios de banco flutuam na sua tela, a coisa muda. E vai ser esse o assunto do processo que começou esta semana e que pode durar anos: o grau de liberdade que temos nesse palminho de tela.

SITE TEM ARTE MÍNIMA

Alexei Shulgin inventou a "form art"
(www.c3.hu/hyper3/form/), que usa somente aqueles elementos mais sem graça do HTML, como botões, caixinhas, janelas e menus, que deslizam de forma imprevisível ao menor toque. O resultado é uma caixinha de surpresas

OVINHO DO AMOR

O ovinho vem em versão macho ou fêmea, azul ou cor-de-rosa. O dono pode configurá-lo para mostrar, com luzinhas, se ele está disposto a conversar, cantar karaokê ou a fim de "qualquer coisa". Agora que os Tamagotchis foram aposentados, o Lovegety está em alta. Quando uma portadora do brinquedo chega a 4,5 m de um portador, ele começa a bipar. De acordo com o código de luzes do ovinho, a dupla pode se entender ou não... Há planos para uma versão de luxo, que já sai bipando a 100 m do alvo.

E-mail: netvox@uol.com.br



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