São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2000


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Programação começa hoje e, no domingo, culmina com passeata e show no centro de São Paulo
Semana celebra diversidade sexual com artes e parada

Caio Guatelli/Folha Imagem
Vange Leonel (em primeiro plano) e o elenco de "As Sereias da Rive Gauche", sobre a vida de sete lésbicas na Paris dos anos 20; peça estréia hoje em SP



Peça teatral, show, livros, filmes e fotos com temática homossexual ocupam espaços paulistanos


ALVARO MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No próximo domingo, o centro de São Paulo será palco da 4ª Parada do Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Transgênero de São Paulo. Com figurinos exuberantes, som tecno e performances, o evento será uma "rave" a céu aberto. No ano passado, a parada reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Este ano, a organização espera atrair mais de 100 mil.
Mas já a partir de hoje o "orgulho gay e lésbico" aparece nos espaços culturais da cidade, com uma programação que inclui teatro, cinema, fotografia, música e literatura (leia quadro ao lado).
A série de eventos segue o tema da parada deste ano, "Comemorando a Diversidade", e sua curadoria foi confiada ao livreiro Sérgio Miguez. Abrindo hoje a Semana Cultural, a Associação da Parada de São Paulo dá prêmios a sete personalidades no salão nobre da Câmara Municipal.
"Só mesmo saindo do gueto poderemos evitar fatos como os recentes casos de violência contra homossexuais em São Paulo. Esse também é o motivo de ocuparmos culturalmente espaços onde todos circulam, como a Câmara, o Centro Cultural São Paulo e o Museu da Imagem e do Som", diz o professor Roberto de Jesus, presidente da associação.
A primeira parada do Orgulho Gay e Lésbico surgiu como um protesto contra a violência policial a frequentadores do bar nova-iorquino Stonewall, em junho de 69. Hoje, paradas como essa ocorrem em junho em mais de 160 cidades no mundo.
A parada paulistana está sendo organizada por voluntários como Franco Reinaldo, empresário de turismo, e Fátima Tassinari, administradora de empresas. "Bem diferente das norte-americanas, nas quais grupos específicos se inscrevem e desfilam organizados, a parada aqui é um imenso cordão livre", diz Fátima.
O custo dos eventos soma cerca de R$ 200 mil, cobertos em parte pelo patrocínio de cinco empresas, quatro delas não-vinculadas à cultura homossexual, mais o apoio de campanha publicitária desenvolvida por Fábio Siqueira. Contribuem, ainda, 500 voluntários. Entre outras tarefas, eles controlarão o andamento de 12 trios elétricos, com DJs, dançarinos e até um bar ambulante.
A parada terá início às 14h, estacionando por volta das 19h30 na praça da República para um show de Edson Cordeiro.
Na programação da semana, destacam-se a inédita peça teatral de Vange Leonel (leia texto abaixo) e os lançamentos dos livros "Devassos no Paraíso", de João Silvério Trevisan (leia texto à pág. E 3), "A Forma Estranha", de Wilton Garcia, "O que É Lesbianismo", de Tânia Navarro-Swain, e "A Vila das Meninas", de Stella C. Ferraz. No MIS, a mostra "Devassos no Cinema" traz títulos brasileiros, do premiado "Vera" ao pouco visto "Bahia de Todos os Santos".
Também da Bahia vem a exposição "Quase Todos os Homens de Paulete", ou seja, o fotógrafo Paulo Roberto Ferreira, figura emblemática do Carnaval de Salvador e funcionário público nas horas vagas. Em suas imagens, as poses das revistas de nu masculino são subvertidas pelo contexto humilde e pelas "imperfeições" dos modelos.


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