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Câncer mata ator Perry Salles, aos 70
Ex-marido de Vera Fischer, ele participou de novelas como "Mandala"; doença foi descoberta em 2006
DA SUCURSAL DO RIO
Ator de novelas como "Mandala" (1987) e "O Clone" (2001),
morreu na última quarta-feira,
aos 70 anos, Perry Salles. Vítima de um câncer de pulmão,
ele viveu os últimos meses no
apartamento da ex-mulher Vera Fischer, no Alto Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. O corpo foi cremado no início da tarde de ontem, no cemitério do
Caju (zona portuária do Rio).
A atriz o acolheu neste ano,
para ajudar no tratamento da
doença. Os dois foram casados
por 16 anos e trabalharam juntos em vários espetáculos de
teatro -ela chegou a dirigir
uma das peças do ator, "Confidências", em 2007.
"Posso dizer que tive dois
grandes amores na minha vida,
que foram o Perry [Salles] e o
Felipe [Camargo, ator]", declarou a atriz em entrevista à Folha, em março deste ano.
Vera, 57, afirmou que, após a
separação, em 1989, o ator havia se transformado num de
seus melhores amigos e que ela
o ajudava muito, inclusive financeiramente.
Nascido no Rio, em 6 de março de 1939, Perilúcio José de
Almeida atingiu maior popularidade como ator com o Laio de
"Mandala". Não só por interpretar um personagem clássico
da tragédia grega "Édipo Rei",
de Sófocles -adaptada para o
Brasil contemporâneo-, como
pelo triângulo amoroso que foi
reproduzido na vida real: Felipe Camargo (Édipo) iniciou ali
seu relacionamento com Vera
Fischer (Jocasta).
Também interpretou na TV
o Edson de "Os Gigantes"
(1979), o Mustafá de "O Clone"
e, em sua última aparição, o Pacheco de "Mandrake" (2004).
No cinema, Perry Salles viveu um momento de sucesso
com as pornochanchadas, nos
anos 70. Atuou ao lado de Vera
em "A Super Fêmea" (1973),
uma das melhores bilheterias
do gênero. E também esteve
com ela em "Delícias da Vida"
(1974) e "Intimidade" (1975)
-este último também produzido e dirigido por ele.
Outro filme que dirigiu foi
"Dôra Doralina" (1982). Sua ligação com o cinema vinha desde o início da década de 60,
tendo atuado em "O Dono da
Bola" (1961) e "Assassinato em
Copacabana" (1962).
Ele vinha se tratando de problemas de saúde desde 2006,
quando, após um infarto, precisou passar por cirurgia. Foi então que teve o câncer de pulmão diagnosticado.
O ator sofreu de depressão
por ter se distanciado dos palcos. Quando vivia no Teatro
Gamboa, na Bahia, adquirido
com a ajuda de um empréstimo
de Vera Fischer, chegou a ficar
18 meses praticamente sem
sair de dentro do local.
Já sem dinheiro para manter
o espaço em funcionamento e
saldar suas dívidas, Salles vivia
trancado no teatro, quando recebeu o convite para atuar num
espetáculo. Trabalhou, então,
em "Com Amor, Oscar Wilde",
em 2000.
Salles deixa quatro filhos, entre eles Rafaela, do casamento
com Vera, que também mora
no apartamento da atriz. De
outro casamento, teve Romeu
e Rômulo. Foi casado ainda
com a atriz Miriam Mehler,
com quem teve Rodrigo, morto
em 1990, num acidente de moto. E é pai de Renata, que atualmente vive na Inglaterra.
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