São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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Câncer mata ator Perry Salles, aos 70

Ex-marido de Vera Fischer, ele participou de novelas como "Mandala"; doença foi descoberta em 2006

DA SUCURSAL DO RIO

Ator de novelas como "Mandala" (1987) e "O Clone" (2001), morreu na última quarta-feira, aos 70 anos, Perry Salles. Vítima de um câncer de pulmão, ele viveu os últimos meses no apartamento da ex-mulher Vera Fischer, no Alto Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. O corpo foi cremado no início da tarde de ontem, no cemitério do Caju (zona portuária do Rio).
A atriz o acolheu neste ano, para ajudar no tratamento da doença. Os dois foram casados por 16 anos e trabalharam juntos em vários espetáculos de teatro -ela chegou a dirigir uma das peças do ator, "Confidências", em 2007.
"Posso dizer que tive dois grandes amores na minha vida, que foram o Perry [Salles] e o Felipe [Camargo, ator]", declarou a atriz em entrevista à Folha, em março deste ano.
Vera, 57, afirmou que, após a separação, em 1989, o ator havia se transformado num de seus melhores amigos e que ela o ajudava muito, inclusive financeiramente.
Nascido no Rio, em 6 de março de 1939, Perilúcio José de Almeida atingiu maior popularidade como ator com o Laio de "Mandala". Não só por interpretar um personagem clássico da tragédia grega "Édipo Rei", de Sófocles -adaptada para o Brasil contemporâneo-, como pelo triângulo amoroso que foi reproduzido na vida real: Felipe Camargo (Édipo) iniciou ali seu relacionamento com Vera Fischer (Jocasta).
Também interpretou na TV o Edson de "Os Gigantes" (1979), o Mustafá de "O Clone" e, em sua última aparição, o Pacheco de "Mandrake" (2004).
No cinema, Perry Salles viveu um momento de sucesso com as pornochanchadas, nos anos 70. Atuou ao lado de Vera em "A Super Fêmea" (1973), uma das melhores bilheterias do gênero. E também esteve com ela em "Delícias da Vida" (1974) e "Intimidade" (1975) -este último também produzido e dirigido por ele.
Outro filme que dirigiu foi "Dôra Doralina" (1982). Sua ligação com o cinema vinha desde o início da década de 60, tendo atuado em "O Dono da Bola" (1961) e "Assassinato em Copacabana" (1962).
Ele vinha se tratando de problemas de saúde desde 2006, quando, após um infarto, precisou passar por cirurgia. Foi então que teve o câncer de pulmão diagnosticado.
O ator sofreu de depressão por ter se distanciado dos palcos. Quando vivia no Teatro Gamboa, na Bahia, adquirido com a ajuda de um empréstimo de Vera Fischer, chegou a ficar 18 meses praticamente sem sair de dentro do local.
Já sem dinheiro para manter o espaço em funcionamento e saldar suas dívidas, Salles vivia trancado no teatro, quando recebeu o convite para atuar num espetáculo. Trabalhou, então, em "Com Amor, Oscar Wilde", em 2000.
Salles deixa quatro filhos, entre eles Rafaela, do casamento com Vera, que também mora no apartamento da atriz. De outro casamento, teve Romeu e Rômulo. Foi casado ainda com a atriz Miriam Mehler, com quem teve Rodrigo, morto em 1990, num acidente de moto. E é pai de Renata, que atualmente vive na Inglaterra.


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