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'Quinto beatle' sai de cena e homenageia os outros quatro
Divulgação
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O maestro inglês George Martin, que está lançando "In My Life", álbum de covers dos Beatles
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George Martin produz seu último
álbum, com covers dos Beatles,
com participações de Sean
Connery, Jim Carrey, Phil Collins
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MARCELO OROZCO
do "Notícias Populares"
O "quinto beatle" sai de cena
rendendo uma homenagem ao
grupo do qual era coadjuvante. O
maestro inglês George Martin encerra sua carreira de produtor
musical com "In My Life", álbum
de covers dos Beatles, a banda que
lhe deu fama mundial por tabela.
Em entrevista à Folha, por telefone, de Londres, Martin, 72, admitiu que cogitou fazer seu álbum
de despedida com suas próprias
composições.
Mas ele rendeu-se às evidências,
assumindo que ficou conhecido
por uma razão: ter produzido e
feito arranjos orquestrais para os
discos dos Beatles entre 62 e 69.
Martin disse que está abandonando a produção por problemas
de audição, mas pretende seguir
trabalhando com música.
Falando do álbum-tributo, Martin (que recebeu da rainha Elizabeth o título de "sir" em 1995 por
serviços prestados ao Reino Unido) comentou a escolha de atores,
cantores e músicos para interpretar as covers.
Ele também falou da participação das Meninas Cantoras de Petrópolis em "Ticket to Ride". O
coral encantou Martin em sua visita ao Brasil em 93.
Folha - O que o inspirou a fazer
um álbum com covers dos Beatles?
George Martin -Quando tive a
idéia de fazer um último álbum há
dois anos, queria fazer algo que
sentisse prazer. Não queria trabalho duro. Então pedi a alguns amigos e alguns de meus heróis para
colaborar comigo nisso. Cheguei a
pensar em compor um álbum novo com minha própria música.
Mas, em certa altura da vida,
aprendi que isso seria tolo, porque
parece que todo mundo me liga
aos Beatles. Então pensei em escolher canções dos Beatles não muito
regravadas. Comecei com alguns
dos meus amigos, como Jeff Beck,
Phil Collins. Depois, pessoas que
admiro muito e eu sentia que teríamos bons momentos trabalhando
juntos, mas que eu nunca tinha encontrado, como Robin Williams,
Goldie Hawn, Jim Carrey...
Folha - E Sean Connery era um
herói ou um amigo?
Martin - Eu já o conhecia.
Acho-o um dos melhores atores.
E, neste caso, a música veio antes e
o artista veio depois. Eu não queria
ter "In My Life" cantada em meu
álbum. Eu queria que as palavras
se destacassem porque são muito
importantes. E Sean Connery tem
uma grande voz.
Folha - Como o sr. escolheu as
Meninas Cantoras de Petrópolis
(creditado no CD como The Petropolis Girl's Choir) para participar
do álbum (em "Ticket to Ride")?
Martin - Eu as queria no disco
pela afeição que tenho desde quando estive no Rio há alguns anos
(1993). Eu ia fazer um concerto
com uma orquestra sinfônica, um
grande coral e uma boa seção rítmica. Foi na Quinta da Boa Vista
(RJ). Mas na noite do concerto
choveu e a orquestra não pôde tocar. Persuadi o coral a cantar na
chuva comigo. Fizeram uma noite
da qual sempre vou lembrar.
Quando fui fazer o álbum, chamei-as.
Folha - As canções e as gravações
dos Beatles são um tipo de música
muito forte. Qual a dificuldade de
fazer uma boa versão de uma música deles?
Martin - Acho que depende
muito da canção. No caso de Goldie Hawn, tive a idéia de transformar "A Hard Day's Night" em algo com o clima de um jazz calmo.
Quando sugeri que ela cantasse,
ela pensou que eu estava louco.
Acho que ela cantou melhor do
que qualquer um poderia esperar.
Folha - O sr. está se aposentando?
Martin - Não estou me aposentando. Estou tentando reduzir
meu trabalho. O que estou fazendo
é parar de gravar discos. São quase
50 anos e fiz muitos discos. Estou
velho e minha audição não é tão
boa quanto antes.
Folha - Há alguma música dos
Beatles que o sr. deseja que eles
tivessem feito de novo?
Martin - John Lennon e eu conversamos sobre isso pouco antes
de ele morrer (em 80). Ele me disse: "Eu gostaria de gravar tudo de
novo". E eu não conseguia imaginar fazer tudo aquilo de novo. Eu
perguntei: "Mas e uma música como "Strawberry Fields Forever'?"
Ele falou: "Sim, especialmente
"Strawberry Fields'". Isso era
porque John sempre queria ser
melhor do que ele realmente já era.
Mas eu não gosto de fazer as coisas
de novo.
Folha - O sr. ouve música feita
atualmente?
Martin - Sim. As canções não
são tão boas. Há mais produção.
Escuto a música que produzimos
nos anos 60 e 70, e é muito boa.
Não acho o que ouço sendo feito
hoje tão bom quanto. Mas uma
boa banda hoje é Radiohead.
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