São Paulo, sábado, 20 de junho de 1998

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Martin quer saída de artistas drogados

DENISE BOBADILHA
especial para a Folha, de Londres

O produtor do maior símbolo da psicodelia já feito, o álbum "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band", acha que a indústria da música deveria recusar novos contratos com artistas que usam algum tipo de droga.
George Martin expressou suas opiniões sobre o assunto numa reunião da Associação dos Chefes de Polícia do Reino Unido e provocou polêmica.
"As pessoas que estão à vista do público, líderes da indústria (de música), moda, artes e esportes deveriam mostrar como viver sem as drogas", disse Martin num discurso.
De acordo com ele, o ideal seria impedir que bandas com usuários de qualquer droga entrassem no mercado.
O produtor admitiu no discurso que sabia que os Beatles fumavam maconha e tomavam pílulas, principalmente speed, mas nunca na presença dele.
O dono do selo Creation, Alan McGee, disse ao jornal "The Independent" que os comentários de Martin foram hipócritas.
"Quando (Martin) chega na sua mansão depois do trabalho, ele deveria pensar em quem pagou por isso e em que estado eles (os Beatles) estavam quando gravaram os álbuns que o tornaram rico e famoso", afirmou Alan McGee, ex-viciado em cocaína cuja gravadora tem em seu cast bandas como Oasis e Jesus & Mary Chain.
Enquanto George Martin prega o boicote aos usuários, Paul McCartney é um dos maiores incentivadores da campanha pela descriminalização da maconha no Reino Unido, bancada pelo jornal "The Independent".
Vários músicos e artistas da televisão e do cinema apóiam a causa de McCartney.
"Todo mundo faz isso (usa drogas)", disse George Martin. "E é isso o que me assusta."
"Ouço alguns executivos de gravadoras dizer: "Você está louco, você irá nos arruinar'. Mas o que é mais importante? É o futuro do país, o futuro da juventude ou o fim da linha?", concluiu Martin.



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