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Martin quer saída
de artistas drogados
DENISE BOBADILHA
especial para a Folha, de Londres
O produtor do maior símbolo da
psicodelia já feito, o álbum "Sgt.
Peppers Lonely Hearts Club
Band", acha que a indústria da
música deveria recusar novos
contratos com artistas que usam
algum tipo de droga.
George Martin expressou suas
opiniões sobre o assunto numa
reunião da Associação dos Chefes
de Polícia do Reino Unido e provocou polêmica.
"As pessoas que estão à vista do
público, líderes da indústria (de
música), moda, artes e esportes
deveriam mostrar como viver sem
as drogas", disse Martin num discurso.
De acordo com ele, o ideal seria
impedir que bandas com usuários
de qualquer droga entrassem no
mercado.
O produtor admitiu no discurso
que sabia que os Beatles fumavam
maconha e tomavam pílulas, principalmente speed, mas nunca na
presença dele.
O dono do selo Creation, Alan
McGee, disse ao jornal "The Independent" que os comentários de
Martin foram hipócritas.
"Quando (Martin) chega na sua
mansão depois do trabalho, ele
deveria pensar em quem pagou
por isso e em que estado eles (os
Beatles) estavam quando gravaram os álbuns que o tornaram rico
e famoso", afirmou Alan McGee,
ex-viciado em cocaína cuja gravadora tem em seu cast bandas como
Oasis e Jesus & Mary Chain.
Enquanto George Martin prega
o boicote aos usuários, Paul
McCartney é um dos maiores incentivadores da campanha pela
descriminalização da maconha no
Reino Unido, bancada pelo jornal
"The Independent".
Vários músicos e artistas da televisão e do cinema apóiam a causa
de McCartney.
"Todo mundo faz isso (usa drogas)", disse George Martin. "E é
isso o que me assusta."
"Ouço alguns executivos de gravadoras dizer: "Você está louco,
você irá nos arruinar'. Mas o que é
mais importante? É o futuro do
país, o futuro da juventude ou o
fim da linha?", concluiu Martin.
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