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Ivan Sant'Anna usa África como
cenário para seu novo romance
DENISE MOTA
da Redação
"Quero evitar ser o John Grisham tupiniquim." Ansioso por
produzir best sellers, mas sem
querer que suas histórias "sejam
levadas a sério", é assim que o
ex-especulador Ivan Sant'Anna,
58, direciona sua carreira de escritor, que chega ao terceiro título
publicado com "Aventura para
Mkamba".
Ambientando na África mais
uma de suas tramas desenvolvidas
no mercado financeiro (leia texto
abaixo), o autor, no entanto vai
abandonar o mundo das bolsas internacionais em seus próximos
projetos.
"É fácil falar sobre o mercado
financeiro, trabalhei quase 30
anos nisso. Mas vou mudar, senão, daqui a pouco, viro um burocrata e escrevo um livro de 12 em
12 meses."
Apesar de não querer ser relacionado ao autor norte-americano,
na senda de Grisham, Sant'Anna
já tem uma de suas obras, "Rapina", em fase de produção cinematográfica, sob direção de Maurício Oliveira e com Carlos Vereza,
Isadora Ribeiro, Odilon Wagner e
Paula Burlamaqui no elenco.
Também em busca de reconhecimento internacional, "Os Mercadores da Noite", segunda obra
do autor, está sendo negociado no
exterior, sob título de "The Sunday Night Traders".
"Armadilha para Mkamba",
seu mais novo livro, está no quarto capítulo da tradução para o inglês, em que se transformará em
"Bull Trap, Bear Trap" (Armadilha de Touro, Armadilha de Urso).
O autor, que participou da adaptação de seu "Rapina" para o cinema construindo os diálogos do
filme, também tem o cinema como referência quando cria os personagens de suas histórias.
A Laura Gibson de "Armadilha
para Mkamba", por exemplo, foi
imaginada para ser vivida, um dia,
por Kathy Bates.
Corretora independente altamente cotada no mercado financeiro, que tem dificuldades em se
relacionar com outras pessoas e
evita encontros pessoais, pelo fato
de ser gorda e muito míope, Gibson é para o autor uma quebra de
estereótipos.
"Foi um pouco para mostrar a
discriminação que existe no fato
de uma mulher ser gorda e não ter
liberdade para se mostrar, e mesmo assim, ascender profissionalmente e ser independente."
O autor trabalha atualmente em
dois projetos. O primeiro é um relato de não-ficção sobre três estranhos acidentes de avião com companhias brasileiras.
Entre os episódios atípicos relacionados por Sant'Anna estão a
queda de um aeronave em que,
dos 112 passageiros, 111 morreram. Mas, dos 17 tripulantes, salvaram-se 12.
Também será objeto do livro de
Sant'Anna a queda de um avião da
Vasp em 88, de Belo Horizonte para o Rio, causada pelo assassinato
do co-piloto em pleno vôo. O terceiro caso é o de um piloto que se
perdeu, errou de rota e caiu.
"Esses acontecimentos trazem
detalhes muito melhores do que os
de qualquer ficção. E no desenrolar dos fatos, a cobertura dos jornais nunca dá conta de todos os
aspectos da história, muita coisa
acaba se perdendo."
O segundo projeto do autor é
narrar aventuras de motoristas de
caminhão. Utilizando fatos reais
para construir uma ficção,
Sant'Anna quer descrever a luta
desses motoristas para não serem
atacados por ladrões de carga e
não dormirem na estrada.
Para isso, planeja viajar com alguns caminhoneiros pelas estradas do país.
Na gaveta, há ainda "Que Nem
Sabão em Pó", romance feminino
que o autor mantém inédito por
"medo de decepcionar o leitor",
acostumado às suas tramas recheadas de cálculos e estratagemas
do mundo financeiro.
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