São Paulo, sábado, 20 de junho de 1998

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Ivan Sant'Anna usa África como cenário para seu novo romance

DENISE MOTA
da Redação

"Quero evitar ser o John Grisham tupiniquim." Ansioso por produzir best sellers, mas sem querer que suas histórias "sejam levadas a sério", é assim que o ex-especulador Ivan Sant'Anna, 58, direciona sua carreira de escritor, que chega ao terceiro título publicado com "Aventura para Mkamba".
Ambientando na África mais uma de suas tramas desenvolvidas no mercado financeiro (leia texto abaixo), o autor, no entanto vai abandonar o mundo das bolsas internacionais em seus próximos projetos.
"É fácil falar sobre o mercado financeiro, trabalhei quase 30 anos nisso. Mas vou mudar, senão, daqui a pouco, viro um burocrata e escrevo um livro de 12 em 12 meses."
Apesar de não querer ser relacionado ao autor norte-americano, na senda de Grisham, Sant'Anna já tem uma de suas obras, "Rapina", em fase de produção cinematográfica, sob direção de Maurício Oliveira e com Carlos Vereza, Isadora Ribeiro, Odilon Wagner e Paula Burlamaqui no elenco.
Também em busca de reconhecimento internacional, "Os Mercadores da Noite", segunda obra do autor, está sendo negociado no exterior, sob título de "The Sunday Night Traders".
"Armadilha para Mkamba", seu mais novo livro, está no quarto capítulo da tradução para o inglês, em que se transformará em "Bull Trap, Bear Trap" (Armadilha de Touro, Armadilha de Urso).
O autor, que participou da adaptação de seu "Rapina" para o cinema construindo os diálogos do filme, também tem o cinema como referência quando cria os personagens de suas histórias.
A Laura Gibson de "Armadilha para Mkamba", por exemplo, foi imaginada para ser vivida, um dia, por Kathy Bates.
Corretora independente altamente cotada no mercado financeiro, que tem dificuldades em se relacionar com outras pessoas e evita encontros pessoais, pelo fato de ser gorda e muito míope, Gibson é para o autor uma quebra de estereótipos.
"Foi um pouco para mostrar a discriminação que existe no fato de uma mulher ser gorda e não ter liberdade para se mostrar, e mesmo assim, ascender profissionalmente e ser independente."
O autor trabalha atualmente em dois projetos. O primeiro é um relato de não-ficção sobre três estranhos acidentes de avião com companhias brasileiras.
Entre os episódios atípicos relacionados por Sant'Anna estão a queda de um aeronave em que, dos 112 passageiros, 111 morreram. Mas, dos 17 tripulantes, salvaram-se 12.
Também será objeto do livro de Sant'Anna a queda de um avião da Vasp em 88, de Belo Horizonte para o Rio, causada pelo assassinato do co-piloto em pleno vôo. O terceiro caso é o de um piloto que se perdeu, errou de rota e caiu.
"Esses acontecimentos trazem detalhes muito melhores do que os de qualquer ficção. E no desenrolar dos fatos, a cobertura dos jornais nunca dá conta de todos os aspectos da história, muita coisa acaba se perdendo."
O segundo projeto do autor é narrar aventuras de motoristas de caminhão. Utilizando fatos reais para construir uma ficção, Sant'Anna quer descrever a luta desses motoristas para não serem atacados por ladrões de carga e não dormirem na estrada.
Para isso, planeja viajar com alguns caminhoneiros pelas estradas do país.
Na gaveta, há ainda "Que Nem Sabão em Pó", romance feminino que o autor mantém inédito por "medo de decepcionar o leitor", acostumado às suas tramas recheadas de cálculos e estratagemas do mundo financeiro.



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