|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELÂMPAGOS
Azul-celeste
JOÃO GILBERTO NOLL
O golpe virá. Isso era o que
se dizia por ali. E ele entrava
naquele prédio a passos largos, uma das mãos aferrada
no bolso. Não que ele ouvisse
esses murmúrios, não que tivesse a menor das intenções
de beber seus ecos, porque de
uns tempos para cá comandava aquele prédio num embalo de sultão da espécie. Assim, quando entrou na sala
que dava para a cidade quase
inteira, correu ao botão que
deixaria blindado o ambiente, algo aromatizado, numa
luz ideal, mais qualificada
certamente do que a violência
tropical da luz daquela manhã. Foi quando ouviu, lá
num dos miseráveis cômodos
da mente, seu cão ganir de
dor. Olhou a mão ensanguentada encostar na sua camisa
azul-celeste. Apertou os
olhos. E viu a nódoa agora difusa num verdadeiro céu de
brigadeiro.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Artes plásticas: Bienal de Pontevedra se abre para o Brasil Índice
|