São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2001

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Belle oferece minutos de pura emoção

ROGÉRIO SIMÕES
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PERTH

As turnês do B&S podem ser raras, mas a banda adora o palco. Os integrantes fazem ali uma verdadeira celebração à música. Foi o que aconteceu num dos shows da recente turnê escocesa, em junho, na tranquila cidade de Perth. No Perth City Hall, espécie de salão de bailes da cidade
Trocam de instrumentos o tempo todo e se revezam ao microfone, reproduzindo, próximo à perfeição, melodias e arranjos registrados em estúdio. Ainda contam com mais seis músicos, entre eles um quarteto de violinos. Tudo em uma hora e meia de pura emoção.
A banda abriu o show de Perth com a nova "Jonathan David". Em seguida, "There's Too Much Love" permitiu que Stuart Murdoch cantasse sem violão, apenas com microfone na mão e dançando, feliz da vida, como se estivesse em sua estréia como músico.
Sublimes, "I Know Where the Summer Goes" e "Slow Graffiti" deram toque psicodélico à noite, e "The Model" arrancou suspiros.
Belle & Sebastian parece funcionar na mais perfeita democracia. Não há um dono da banda, ninguém acima de ninguém. O grupo se alimenta da riqueza de rostos, vozes e personalidades.
Stuart Murdoch, voz na maioria das músicas, divide o centro do palco com o guitarrista e vocalista Stevie Jackson. Mas ambos não sobreviveriam sem o olhar perdido de Isobel Campbell, que, com sua maria-chiquinha, incorpora o espírito anos 60 da banda.
Isobel se concentra ao tocar o violoncelo, canta com olhos fixados no horizonte, mas em "The Boy with the Arab Strap" se solta de vez: abriu um sorriso tímido e comandou as palmas da platéia.
O ambiente ficou mais calmo com "Fox in the Snow". E logo na primeira nota de "Family Tree", o público se rendeu ao silêncio: todos calados para dar espaço à voz macia de Isobel, que praticamente sussurrou a graciosa letra.
Ainda houve tempo para "Legal Man", talvez a mais anos 60 da banda. Ao fim do show, o sorriso estava estampado nos rostos de todos na platéia. O B&S estava nos braços dos escoceses, praticamente como aquela mesma banda que surgiu gravando em vinil, fazendo uma música que, para muitos, ninguém ousaria fazer.


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