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ARTIGO
Até quando pode-se ignorar o fenômeno?
FERNANDO BONASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Neste momento , poucas
atividades culturais apresentam tanta fertilidade como o teatro brasileiro.
Basta abrirmos os cadernos de
cultura para observarmos a enorme quantidade de peças (a esmagadora maioria de jovens autores)
à disposição do público. Não se
trata de um movimento.
Não há sequer afinidade ideológica, mas há, como em nenhum
outro segmento da expressão artística, uma onda de produção
que reflete, sim, o que o nosso país
acabou se tornando.
Esses escritores, por sua originalidade, ainda encontram-se
nesse limiar entre a produção
marginal e a visibilidade das grandes audiências.
Por quanto tempo? A crítica, o
público e as instituições de fomento à cultura podem ignorar o
fenômeno, mas até quando haverá essa distância entre a expressão
do novo e a sua visibilidade?
Até quando o teatro brasileiro
será fornido por peças importadas e a retificação dos cadáveres
(mais ou menos ilustres) de nossas tradições dramatúrgicas?
Realidade e expressão
O Festival de Dramaturgia Contemporânea surge como uma
oportunidade única para que a
sociedade brasileira procure uma
sintonia mais fina entre a realidade e sua expressão.
Podemos polir as lentes e atualizar, criativamente, a discussão de
nossas mazelas ou, mais uma vez,
dar as costas à efervescência de
um grupo de autores e suas experiências éticas e estéticas... mas,
quer queiramos, quer não, esse é
o teatro brasileiro deste momento
e, por ele, seremos lembrados.
Fernando Bonassi, 38, é colunista da
Folha, escritor, roteirista, cineasta e dramaturgo, autor de peças como "Preso
entre Ferragens" e "Apocalipse 1,11"
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