São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2001

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ARTIGO

Até quando pode-se ignorar o fenômeno?

FERNANDO BONASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Neste momento , poucas atividades culturais apresentam tanta fertilidade como o teatro brasileiro.
Basta abrirmos os cadernos de cultura para observarmos a enorme quantidade de peças (a esmagadora maioria de jovens autores) à disposição do público. Não se trata de um movimento.
Não há sequer afinidade ideológica, mas há, como em nenhum outro segmento da expressão artística, uma onda de produção que reflete, sim, o que o nosso país acabou se tornando.
Esses escritores, por sua originalidade, ainda encontram-se nesse limiar entre a produção marginal e a visibilidade das grandes audiências.
Por quanto tempo? A crítica, o público e as instituições de fomento à cultura podem ignorar o fenômeno, mas até quando haverá essa distância entre a expressão do novo e a sua visibilidade?
Até quando o teatro brasileiro será fornido por peças importadas e a retificação dos cadáveres (mais ou menos ilustres) de nossas tradições dramatúrgicas?

Realidade e expressão
O Festival de Dramaturgia Contemporânea surge como uma oportunidade única para que a sociedade brasileira procure uma sintonia mais fina entre a realidade e sua expressão.
Podemos polir as lentes e atualizar, criativamente, a discussão de nossas mazelas ou, mais uma vez, dar as costas à efervescência de um grupo de autores e suas experiências éticas e estéticas... mas, quer queiramos, quer não, esse é o teatro brasileiro deste momento e, por ele, seremos lembrados.


Fernando Bonassi, 38, é colunista da Folha, escritor, roteirista, cineasta e dramaturgo, autor de peças como "Preso entre Ferragens" e "Apocalipse 1,11"


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