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PRÊMIO
Relação entre poesia e história marcam entrega do troféu, em São Paulo
Juca Pato é entregue a Costa e Silva
LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO
O escritor, acadêmico e diplomata Alberto da Costa e Silva, 73,
recebeu na noite de anteontem,
na Academia Paulista de Letras
(APL), em São Paulo, o troféu Juca Pato - Prêmio Intelectual do
Ano. O concurso, que é promovido pela União Brasileira de Escritores (UBE) e tem patrocínio da
Folha, foi criado em 1962 por
Marcos Rey (1925-1999), então vice-presidente da UBE.
"É com remorso e grande alegria que recebo o prêmio. Afinal,
ele tem uma tradição de ser dado
a figuras expressivas da cultura
brasileira", brincou Costa e Silva.
O diplomata foi premiado graças ao livro "Um Rio Chamado
Atlântico" (Nova Fronteira
-2003), no qual foram reunidos 16
ensaios que tratam das relações
entre Brasil e África.
"O mérito da obra é de chamar
atenção para conexões íntimas
entre o país e o continente, para
além da escravidão", disse ele, que
foi embaixador em países como
Nigéria e Benin.
Participaram da mesa de homenagem, a escritora Lygia Fagundes Telles, da Academia Brasileira
de Letras (ABL), o vice-governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, os presidentes, da
UBE, Levi Bucalem Ferrari, e da
APL, Erwin Theodor Rosenthal,
Carlos Heitor Cony, escritor e colunista da Folha, além do vencedor da edição anterior, o poeta e
ensaísta Gilberto Mendonça Teles, que entregou o prêmio a Costa e Silva.
Os presentes foram unânimes
ao afirmar que o livro se torna
uma referência para estudos sobre as relações afro-brasileiras.
Cony saudou o ângulo abordado pelo acadêmico: "Quando o
brasileiro está em Portugal ele
pensa "estou perto da Europa".
Costa e Silva não olhou para cima.
Olhou para baixo, como fez Vasco
da Gama e Camões".
Mendonça Teles, que trouxe seu
discurso escrito sob o título "A
Vitória da Poesia", ressaltou o
perfil da obra do homenageado.
Trata-se do fruto de uma "tensão
permanente entre a utopia do escritor e a realidade do diplomata".
O próprio Costa e Silva explica a
dualidade apontada por Teles. Segundo ele, seu título "Um Rio
Chamado Atlântico" já revela como o poeta amplia a percepção do
historiador na tarefa de restaurar
o passado. Ao utilizar essa imagem, o autor trava "um diálogo
multisecular entre as duas margens do atlântico". Pela metáfora
do rio, o oceano deixa de ser visto
como um fator de distanciamento, já que seria possível enxergar
"a outra margem".
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