São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Saxofonista teen é o maior vendedor de CDs do país

Caio Mesquita, 16, um Kenny G adolescente, vende cem mil cópias em 60 dias

Disco instrumental tem hits manjados da MPB e deverá ser lançado no exterior; primeiro grande show em São Paulo será em outubro


Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Caio Mesquita toca sax em praia de Santos, onde mora; recentemente, no calçadão, quase foi derrubado por um grupo de fãs


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é pagode, axé nem sertanejo. O maior vendedor de CDs atualmente no Brasil tem 16 anos e toca saxofone. Caio Mesquita lançou seu primeiro álbum, só com música instrumental, há apenas dois meses e já vendeu mais de cem mil cópias -uma façanha que muito artista pop jamais realizou.
Caio é uma espécie de Kenny Teen, versão adolescente de Kenny G, o famoso saxofonista com mais de 75 milhões de discos vendidos no mundo.
Ainda desconhecido nacionalmente, o garoto começa a experimentar vida de celebridade. Ocupa o topo do mais recente ranking dos CDs mais vendidos publicado pela revista "Sucesso CD". No Orkut, site de relacionamentos, há 32 comunidades de fãs, que o consideram "talentoso", "fofo", "lindo", "gente boa" e até "o marido dos sonhos". Há também duas do contra ("Eu odeio o Caio Mesquita" e "Caio Mesquita??? Ridículo!!!"), o que não deixa de ser mais uma prova de sucesso.
Outro dia, em Santos (litoral de SP), onde mora, ele se viu agarrado por um grupo de senhoras num supermercado ("Ela queriam chamar as netas") e quase foi derrubado por garotas no calçadão ("Agarraram, deram beijo na boca..."). Não sai mais sozinho de casa.
Em outubro, deverá fazer seu primeiro show numa grande casa de espetáculos paulistana -cogita-se o Citibank Hall- para a gravação de um DVD. E a EMI, distribuidora de seu álbum, traça plano de lançamento internacional do CD -é essa a desculpa para o nome, "Jovem Brazilidade", com Z.
O disco, aliás, tem toda a cara de "Made in Brazil" para exportação, com "Wave", "Garota de Ipanema", "Carinhoso", que os gringos amam, e outros hits manjados, como "Sozinho", "Papel de Machê" e "Lilás".
Caio, que sabe tocar 13 instrumentos, vai de saxofone, acompanhado por uma banda.

Calouro
O sucesso não ocorre por acaso, como já se sabe, e o de Caio começou na TV. Há um ano, ele se apresentou no programa do Raul Gil, então na Record. A audiência subiu, e ele virou xodó do apresentador, que em outros tempos lançou nomes como Titãs e Ultraje.
Passou a atuar no Jovens Talentos, espécie de caravana formada pelas crianças e adolescentes que mais fazem sucesso no programa. Integrantes do grupo, que gravou CD (85 mil cópias vendidas) e DVD (35 mil), fazem shows pelo interior, contratados para eventos empresariais ou pelas prefeituras. Em Itu (interior de SP), apresentou-se para 40 mil pessoas.
No final de 2005, Raul Gil mudou-se para a Band, e Caio seguiu com ele, virou quase atração fixa do programa, com uma média de seis pontos no Ibope (330 mil domicílios na Grande SP). Assinou contrato com a Luar Music, gravadora do apresentador, que passou a empresariar sua carreira.
Não há cláusula de exclusividade com o "Programa Raul Gil", o que significa que o galã mirim do sax em breve deverá estar no palco de seus concorrentes, Faustão e Gugu.

Casamentos
Vamos, então, à história do mocinho. Ganhou da avó um tecladinho de brinquedo aos cinco anos, mostrou jeito e virou aluno de piano de uma tia. Tomou gosto, entrou em uma escola de música. Despertou para o sax aos 11, ao ouvir a introdução do clássico sertãobrega "Pense em Mim", de Leandro e Leonardo. Hoje, além do teclado e do saxofone, toca gaita, flauta doce, violão e outros.
Antes do sucesso, apresentava-se em casamentos organizados pela pequena empresa de eventos dos pais, em Santos. Cursa o segundo ano do ensino médio de um colégio particular, onde passou a dar autógrafos, tirar fotos com colegas e receber inúmeras cantadas.
Caio faz o estilo tímido e bom moço. Joga futebol na praia aos domingos, mas não vai a baladas com os amigos. Prefere ficar em casa tocando. Arruma cuidadosamente os cabelos com gel, veste calça jeans, tênis Nike e camisa social com os primeiros botões abertos. Visual "esporte fino", define, meio sem graça. Respeita roqueiros, os conterrâneos do Charlie Brown Jr. ("Até acho legal, dentro do que se propõe a fazer"), mas gosta mesmo é de Jorge Vercilo. No universo teen, já foi motivo de piada. "Agora me dão um pouco mais de valor." Seu maior sonho: tocar num estádio de futebol. Qual? "O maior que existir, o Maracanã."


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