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Pesquisador diz combater "amnésia musical"
Aposentado faz um programa de rádio dedicado à música brasileira
Ex-professor planeja ainda recuperar toda a obra de Lamartine Babo (1904-1963), um de seus três "filhos"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em sua casa em Pinheiros,
Omar Jubran guarda, dentro
de uma sala onde a luz do sol
entra com dificuldade, uma
vasta coleção onde estima ter
mais de 15 mil discos.
Na parede, ao lado de cartazes de Charles Chaplin, está uma fotografia em que
aparece com Sérgio Cabral,
autor de "No Tempo de Ary
Barroso".
O fanatismo começou na
infância, quando pelo rádio
foi apresentado a Orlando
Silva e Noel Rosa.
"Eu resolvi ter três filhos:
Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Babo", conta. "Na
minha opinião, são os caras
mais importantes em termos
de pilar: um tripé do qual
brotou todo o resto. A bossa
nova deve muito aos três, de
alguma forma".
Pessimista, Jubran confessa que, de Lamartine, recuperou menos da metade da
obra original.
Para a caixa de Ary, conseguiu grande parte dos discos
78 rotações por minuto com a
ajuda de colecionadores. Um
deles, Brasílio Carvalho, era
seu vizinho.
"Ele foi o avô que eu não
conheci. Infelizmente, na
época em que faleceu, eu não
tinha concluído a remasterização", lamenta.
Os cinco títulos que faltam
para completar as 323 composições originais de Ary,
acredita, foram gravadas,
mas não prensadas e distribuídas comercialmente.
Desde 2007 aposentado, o
ex-professor hoje se dedica
ao combate daquilo que chama de falta de memória musical do país.
Sozinho e sem apoio, ele
comanda há quatro anos um
programa de música brasileira, transmitido nas manhãs
de domingo pela rádio USP.
Jubran tenta recuperar em
minibiografias nomes que
considera essenciais na música brasileira. Sempre tendo
como referência o passado,
ele quer que seja veiculado
no ensino básico.
"O [produtor cultural] Oswaldo Sargentelli (1925-2002) morreu com esse sonho: que se instalasse nas escolas um curso de MPB. Ele
queria que fosse algo agradável, com a historia da nossa
música."
Sua preferida é "Aquarela
do Brasil". "Não vejo como
uma canção ufanista", diz,
encantado.
(JULIANA VAZ)
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