São Paulo, quarta, 20 de agosto de 1997.



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Justiça do Rio apreende livros

Patricia Santos/Folha Imagem
A oficial de Justiça Luciana Loyola e o ex-presidente da Federação Israelita do Rio Ronaldo Gomlevsky acompanham a apreensão de obras anti-semitas na Bienal do Rio


CRISTINA RIGITANO
do "NP"

Por determinação da Justiça do Rio, foram apreendidos ontem à tarde 13 exemplares de quatro livros da editora Revisão que, supostamente, fazem apologia do anti-semitismo.
A apreensão se deu no estande da distribuidora Irradiação Cultural, na 8ª Bienal do Livro.
Os livros proibidos são: "O Judeu Internacional", de Henry Ford, "Holocausto: Judeu ou Alemão?", de Sigfried Ellwanger Castan, "História Secreta do Brasil", de Gustavo Barroso, e "Protocolo dos Sábios de Sião", apócrifo usado por Hitler contra os judeus.
O mandado de busca e apreensão foi expedido pelo juiz Carlos Alfredo Flores da Cunha, da 26ª Vara Criminal. O juiz se baseou na lei 7.716, legislação complementar ao Código Penal, que prevê pena de dois a cinco anos de reclusão. Essa lei proíbe a comercialização, distribuição e fabricação de livros que preguem o preconceito racial.
Sábado, o ex-presidente da Federação Israelita do Rio, Ronaldo Gomlevsky, 48, ex-vereador pelo PFL do Rio, foi à Bienal, viu os livros e comprou um exemplar de cada volume.
"Eu me surpreendi com a venda desses livros, que estão proibidos há oito anos pela Justiça. Perguntei ao vendedor se sabia se os livros eram proibidos. Ele disse que sim, mas que dava um jeitinho", contou Gomlevsky, que levou os livros à 16ª Delegacia de Polícia e deu queixa-crime contra a editora e a distribuidora.
Enquanto a oficial de Justiça e dois policiais da 16ª DP apreendiam o material, o supervisor da distribuidora, Marcos Vinícius Cecílio, se desesperava com saqueadores que invadiam o estande. "Vamos ter prejuízo de mais de R$ 2 mil com os livros roubados", lamentava Cecílio.
O diretor da distribuidora, Carlos Soares, alegou que não cabe à Irradiação censurar livros. "Só comercializamos os livros. Eu, como ser humano, sou contra o conteúdo dessas publicações", disse.



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