São Paulo, quinta, 20 de agosto de 1998

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CLOSE-UP PLANET
Bjork, a guerreira do amor, está de volta

Rosane Marinho/Folha Imagem
A cantora islandesa Bjork, que se apresenta hoje no Metropolitan, no Rio, e sábado no Sambódromo, em SP


ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha

Ela é referência para Madonna, namorou Goldie; Tricky; Howie B; produz com o FLO, viaja com o Mark Paradinas? De sobra, adora Elis Regina e ainda canta descalça? Você sabe. A islandesa Bjork, a verdadeira diva do pop desta década, estará entre nós pela segunda vez, dentro do Close-Up Planet.
De Paris, em entrevista por telefone, a cantora e compositora antecipou detalhes do show que mostra as novas canções de seu terceiro disco solo, "Homogenic". No palco e no estúdio, Bjork se apresenta com um grupo de cordas de sua terra natal associado a top produtors de música eletrônica. "Estamos melhores agora do que no disco", empolga-se.
Durante a conversa, Bjork comenta a imagem de gueixa pós-moderna da capa de "Homogenic", foto do inglês Nick Knight com look do estilista Alexander McQueen, também inglês, e, sem querer, dá pistas de sua personalidade: "É uma guerreira, que venceu por meio do amor".

Folha - Você pode falar do show?
Bjork -
Tive muita sorte. Oito ótimos músicos, a nata mesmo, trabalharam comigo no álbum. Quando tocamos em estúdio, estávamos nos conhecendo e começando um projeto, mas agora já tocamos bastante ao vivo e estamos ainda melhores que no álbum.
Folha - O disco é introspectivo e intimista. O show será assim?
Bjork -
Sim, acredito que sim. Ele tem muitos momentos intimistas, mas momentos grandiosos também. "Homogenic" representa esse contraste da privacidade com canções poderosas. Por isso estou tão feliz com o resultado. Esperava que as canções ficassem melhores quando nós fôssemos tocá-las ao vivo. E isso aconteceu.
Folha - E em quais canções isso se deu, especificamente?
Bjork -
Provavelmente em "Bachelorette", que parece ter funcionado melhor ao vivo que no álbum -é como se, num disco, não houvesse espaço para ela.
Folha - Você costuma trabalhar com produtores em remixes que mudam bastante a cara das músicas e você parece gostar disso.
Bjork -
Normalmente prefiro trabalhar com pessoas com outros pontos de vista. Acho muito renovador e interessante ter uma outra perspectiva do que fiz.
Folha - A cena eletrônica está mais forte a cada dia. Quais grupos e artistas você gosta?
Bjork -
Plaid; as coisas do selo Reflex; Aphex Twin é um mestre. E Mike Paradinas.
Folha - Você também é muito influente em termos das imagens que cria, em seus vídeos e nas capas de seus discos. Gostaria que você comentasse seu trabalho com o estilista Alexander McQueen e com o fotógrafo Nick Knight na capa de "Homogenic".
Bjork -
Eu gosto muito de trabalho em equipe. Cheguei até eles e pedi para ter a imagem de uma mulher que passou por períodos difíceis, mas que se tornou uma guerreira que decidiu lutar contra tudo, mas por meio do amor. E essa é a informação que Alexander McQueen e Kate England, a stylist, e Nick Knight usaram como ponto de partida para criar a imagem.
Folha - Qual foi o clipe mais recente que você fez?
Bjork -
Eu fiz um vídeo para "Hunter", dirigido por Paul White. É seu primeiro clipe, mas ele fez o álbum, ele assinou comigo por dez anos.
Folha - Como você aparece nele?
Bjork -
É um vídeo sobre mim mesma. Apareço como urso polar. É uma empatia de muito tempo...
Folha - Neste novo show, você vai tirar seus sapatos, como você fez no Brasil da última vez?
Bjork -
Bem, eu tenho cantar com sapatos, mas é muito difícil...
Folha - Em estúdio, você grava com ou sem sapatos?
Bjork -
Acho que não penso muito nisso, mas, por alguma razão, é sempre difícil gravar com sapatos. Eu não sei porquê. Todo o tempo eu ganho sapatos muito bonitos e realmente quero ficar bonita, mas, de repente, vira apenas... foda-se, sabe? Não consigo me concentrar com os sapatos.
Folha - Como está seu filho, Sinri? Vocês conseguem ficar juntos?
Bjork -
Ele gosta de ficar com a turma dele. Claro que eu adoro estar com ele, mas ele está se tornando um teenager agora; tem 12 anos e tem seu próprio mundo.
Folha - Sua tatuagem no braço esquerdo é um símbolo viking?
Bjork -
Sim, é uma bússola. Para que você não se perca. Até agora eu não me perdi. Tive muita sorte.



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