São Paulo, quinta, 20 de agosto de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
O banho noturno

HELOISA SEIXAS

Caminha pelo corredor, tateando as paredes. Sem janelas, o corredor é mais escuro do que o resto do apartamento. Mas logo ela se vê diante da porta do banheiro, onde é grande a luminosidade que vem da rua. Através do vidro canelado, a noite se filtra, leitosa, e ela pode distinguir todos os contornos com exatidão. Até mesmo sua imagem, na prata do espelho. Na penumbra, abre o chuveiro e recebe no corpo o jato gelado, buscando no banho noturno o fim daquela febre que a consome. A febre de uma lembrança -de um tempo em que corpos ardentes faziam a água ferver.



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