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CONTOS MÍNIMOS
O banho
noturno
HELOISA SEIXAS
Caminha pelo corredor,
tateando as paredes. Sem
janelas, o corredor é mais
escuro do que o resto do
apartamento. Mas logo ela
se vê diante da porta do banheiro, onde é grande a luminosidade que vem da
rua. Através do vidro canelado, a noite se filtra, leitosa, e ela pode distinguir todos os contornos com exatidão. Até mesmo sua imagem, na prata do espelho.
Na penumbra, abre o chuveiro e recebe no corpo o
jato gelado, buscando no
banho noturno o fim daquela febre que a consome.
A febre de uma lembrança
-de um tempo em que
corpos ardentes faziam a
água ferver.
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