São Paulo, Sexta-feira, 20 de Agosto de 1999
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"TRÊS É DEMAIS"
Comédia foge do óbvio

SÉRGIO RIZZO
especial para a Folha

Quanta gente não passa pela escola sem deixar marca nenhuma, exceto no assento da carteira? Max Fischer (Jason Schwartzman), o insólito protagonista de "Três é Demais", fez sempre o contrário. Fundou e presidiu clubes acadêmicos, promoveu campanhas por causas nobres, escreveu e dirigiu peças teatrais. Tem 15 anos, e anda no campus de paletó e gravata. Parte dos colegas o odeia. Parece um "nerd", mas há um detalhe: em sala de aula, é um aluno medíocre.
Esse curioso tipo de obsessivo social, que perdeu a mãe aos sete anos, foi criado por um pai adorável (Seymour Cassel, veterano da turma de John Cassavetes) e transformou a escola em sua razão de viver, é o motor imprevisível que leva o filme por caminhos quase sempre inesperados.
Comédia estudantil que diverte sem recorrer aos habituais clichês debilóides, alimenta-se também do cinema romântico sem baixar da estante o arquivo formatado de enlace e desenlace. O triângulo, dos mais estranhos, é formado pelo próprio Max, pela professora viúva e bem mais velha por quem ele se apaixona (Olivia Williams) e por um empresário desgostoso com a família (Bill Murray) que se pendura a esse casal improvável, sem perceber que também é um personagem fora de esquadro.
"Três é Demais" obteve nos EUA um sucesso de público e crítica que talvez seja difícil repetir aqui, tantas as ironias (e também cumplicidades) que apresenta em relação a um certo modo americano de ver o sucesso e o fracasso, da escola à vida. Não é filme, de qualquer forma, para passar despercebido. Nem que seja apenas para conhecer Max Fischer, esse indomável.


Avaliação:    



Filme: Três é Demais Produção: EUA, 1998 Direção: Wes Anderson Com: Jason Schwartzman, Olivia Williams, Bill Murray, Seymour Cassel Quando: a partir de hoje, nos cines SP Market 6, Belas Artes Cândido Portinari e circuito


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