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"TRÊS É DEMAIS"
Comédia foge do óbvio
SÉRGIO RIZZO
especial para a Folha
Quanta gente não passa pela escola sem deixar marca nenhuma,
exceto no assento da carteira?
Max Fischer (Jason Schwartzman), o insólito protagonista de
"Três é Demais", fez sempre o
contrário. Fundou e presidiu clubes acadêmicos, promoveu campanhas por causas nobres, escreveu e dirigiu peças teatrais. Tem
15 anos, e anda no campus de paletó e gravata. Parte dos colegas o
odeia. Parece um "nerd", mas há
um detalhe: em sala de aula, é um
aluno medíocre.
Esse curioso tipo de obsessivo
social, que perdeu a mãe aos sete
anos, foi criado por um pai adorável (Seymour Cassel, veterano da
turma de John Cassavetes) e
transformou a escola em sua razão de viver, é o motor imprevisível que leva o filme por caminhos
quase sempre inesperados.
Comédia estudantil que diverte
sem recorrer aos habituais clichês
debilóides, alimenta-se também
do cinema romântico sem baixar
da estante o arquivo formatado
de enlace e desenlace. O triângulo,
dos mais estranhos, é formado
pelo próprio Max, pela professora
viúva e bem mais velha por quem
ele se apaixona (Olivia Williams)
e por um empresário desgostoso
com a família (Bill Murray) que se
pendura a esse casal improvável,
sem perceber que também é um
personagem fora de esquadro.
"Três é Demais" obteve nos
EUA um sucesso de público e crítica que talvez seja difícil repetir
aqui, tantas as ironias (e também
cumplicidades) que apresenta em
relação a um certo modo americano de ver o sucesso e o fracasso,
da escola à vida. Não é filme, de
qualquer forma, para passar despercebido. Nem que seja apenas
para conhecer Max Fischer, esse
indomável.
Avaliação:
Filme: Três é Demais
Produção: EUA, 1998
Direção: Wes Anderson
Com: Jason Schwartzman, Olivia
Williams, Bill Murray, Seymour Cassel
Quando: a partir de hoje, nos cines SP
Market 6, Belas Artes Cândido Portinari e
circuito
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