JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

A idéia deste pequeno restaurante é transportar ao Jardim Paulistano uma atmosfera provençal, do sul da França. O ambiente descontraído, as mesas no terraço ao ar livre, as toalhas de mesa nas cores típicas da região cumprem o papel. Já o cardápio é mais eclético, mas, de qualquer forma, fica nas fronteiras francesas. Não é de admirar, pois são de lá os dois proprietários do restaurante. O empresário Petrit Spahija, 33, veio da França há dois anos com sua mulher, a atriz Maria Fernanda Cândido. Seu sócio, o chef Yves Lepide, 41, é francês da Provence, está há cinco anos no Brasil e tem três restaurantes na França e um, Le Castellet, em Paraty (litoral do Rio de Janeiro). A casa é agradável e se junta ao núcleo de restaurantes que vem tornando cada vez mais gastronômico este trecho da rua Joaquim Antunes. O toque provençal é dado já no couvert, com azeites aromatizados, pastas de azeitonas pretas e verdes e aïoli -espécie de maionese de alho. (Já a ausência de pães, ou a presença de meras torradinhas na mesa, renega um orgulho nacional francês, de qualquer região). A casa tem também uma extensa seção de crepes. São servidas de forma diferente: não dobradas várias vezes sobre o recheio, como é tradição, mas abertas, tendo o "recheio" como cobertura. Com isso, a fina massa perde presença diante dos demais ingredientes; a solução é dobrá-la você mesmo, para restaurar o equilíbrio. Entre as pedidas, duas lembram bem o sul do país: a sacre coeur (com ratatouille de legumes à provençal: berinjela, abobrinha, pimentões vermelho e amarelo, tomate e cebola refogados em azeite extravirgem, tomilho e louro); e a pont neuf (uma espécie de salada niçoise na crepe: tomate, atum, cebola refogada, orégano, azeitonas verdes e azeite). Há uma seção de pescados, com robalo em papillote e cassolette de frutos do mar (nesta o molho branco é tão grosso que fica difícil sentir os camarões, lula, mexilhões e peixe). Costeletas de cordeiro fininhas, com tomilho, mel de menta e gratin dauphinois (batatas gratinadas onipresentes e supersecas em todos os pratos). E, como sobremesa, crepes bem-feitas (basta novamente dobrá-las, e pronto).