|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEBATE
Discussão se deu após exibição de "os Carvoeiros" em SP
Entidades adotam boicote e bolsa contra trabalho infantil
THIAGO STIVALETTI
free-lance para a Folha
O problema da
mão-de-obra infantil dos carvoeiros do Mato Grosso
do Sul, Amazônia,
Pará e Minas Gerais
está sendo combatido por governo e empresas privadas com a
adoção de bolsas-trabalho para as
famílias, a integração das crianças
à escola e o boicote às empresas
que utilizam menores de 18 anos.
Mas a questão esbarra em problemas como a itinerância das famílias -que se deslocam para regiões onde a madeira ainda não
foi cortada e queimada- e a falta
de recursos e de perspectivas de
interrupção do ciclo de pobreza.
Essas foram as principais conclusões do debate que se seguiu à
estréia mundial do documentário
"Os Carvoeiros", do norte-americano Nigel Noble, anteontem, no
Espaço Unibanco, em evento promovido pela Folha e 23ª Mostra
de Cinema.
O filme busca a neutralidade ao
mostrar o cotidiano dos carvoeiros a partir de seus próprios depoimentos. Baseado em ensaio do
fotógrafo Marcos Prado, o trabalho rendeu ainda um livro sobre a
produção do carvão.
"O documentário pretende fazer o espectador perceber que os
carvoeiros fazem parte da nossa
vida, porque o aço e o ferro-gusa
são usados em carros, na rede de
energia elétrica e até na cadeira
em que sentamos", disse o produtor do filme, José Padilha.
Udo Bock, oficial de projetos do
Unicef em São Paulo, disse que a
entidade recebeu denúncias sobre
crianças carvoeiras naqueles Estados em 94. "O Unicef costuma
investir em capacitação, mas dessa vez optou pela bolsa-trabalho."
Sérgio Mindlin, presidente da
Abrinq, disse que a fundação organizou 1.400 empresas no boicote às que usam mão-de-obra infantil. "Acredito que vamos resolver o problema por pressão externa, já que os EUA votam agora esse tipo de boicote no Senado."
Segundo Miguel Jorge, vice-presidente de assuntos corporativos da Volkswagen do Brasil, a
automobilística cancelou o contrato de dois pequenos fornecedores que empregavam crianças.
Wanda Engel Aduan, secretária
de Assistência Social do governo
FHC, afirmou que o programa federal colocou 330 mil crianças na
escola e pretende colocar mais
530 mil. Para isso, está tomando
um empréstimo de US$ 250 milhões do Banco Mundial.
Texto Anterior: Livros políticos são foco de atenções Próximo Texto: Moda: Negros fazem desfile em Minas Gerais contra falta de mercado Índice
|