CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Cem modelos negros desfilaram anteontem à noite, no Palácio das Artes, o maior teatro de Belo Horizonte, em protesto contra a falta de mercado de trabalho nos desfiles de moda realizados em Minas Gerais.
O desfile "Black Beautiful Fashion" durou duas horas e procurou mostrar o talento da comunidade negra do Estado, com as participações especiais do dançarino Sebastian, 33, que faz comerciais para a rede de lojas C & A, e dos grupos da nova geração da música mineira Tambolelê e Berimbrown, que mostraram uma mistura de tambores e outros instrumentos afro-brasileiros com ritmos contemporâneos.
No encerramento, Luiz de Freitas, 56, da grife Mr. Wonderful, foi homenageado como o primeiro estilista negro do país. ""Acho que sou o único", disse.
Os modelos desfilaram roupas de oito marcas de moda masculina e feminina de Belo Horizonte, ao som de hip-hop e rap.
Para Sebastian, as oportunidades para modelos negros vêm aumentando "um pouco" nos últimos anos, à medida que se percebe que existe um mercado entre os negros e que se pode ganhar mais dinheiro com isso.
A ex-modelo negra Adriana Ferreira, 33, produtora do evento, disse que essa foi a segunda iniciativa dos modelos mineiros para protestar contra a discriminação. No mês passado, 48 negros desfilaram na praça Sete, a principal do centro de Belo Horizonte.
Ela lembrou que uma das modelos mais bem pagas do mundo, Naomi Campbell, é negra.


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