São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2000

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O rock do Sonic Youth e Sean Lennon e a bateria de Max Roach abrem festival em SP

FREE JAZZ INICIA HOJE UMA DE SUAS EDIÇÕES MAIS PLURALISTAS

Uma noite do barulho

FREE JAZZ FESTIVAL
FESTIVAL
Choro, jazz e rock chegam revestidos de ousadia na noite mais norte-americana; só há ingressos para o domingo
Free Jazz começa celebrando inquietação

ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando Irvin Mayfield assumir o palco New Directions do Free Jazz Festival, no Jockey Club paulista, a partir das 20h desta noite, estará sendo consagrada uma das edições mais pluralistas e "liquidificadoras" nos 15 anos do evento. O único dia com ingressos disponíveis em São Paulo é o domingo, e apenas para um dos espaços.
A mistura e a (história da) ousadia são marcas fortes desta versão 2000, seja na acomodação, na grade de programação, de gêneros diversos, seja na absorção indiscriminada de influências por cada artista. Até mesmo na porção mais histórica do jazz o tom é o da invenção: ainda que a renovação do bebop de Max Roach date de quatro décadas atrás, poucas vezes o jazz fez sua revisão com tal impacto, em bloco, na história.
Nesta primeira noite (a mais norte-americana e a única em que o jazz ocupa o New Directions), o prodigioso Mayfield, 22, desliza pelo repertório de seus dois CDs. Nascido em New Orleans, o trompetista esteve no Brasil este ano, junto do grupo Los Hombres Calientes.
Greg Osby, em seguida, põe seu sax alto a serviço de um multiprocessador de black music que resume em formato jazzístico o início da carreira vinculada ao funk, ao R&B e ao blues, além da malemolência afro-caribenha.
O carioca radicado em Brasília Hamilton de Holanda merece ser visto como mais que um aquecimento para Max Roach. Aos 24 anos, o bandolinista enveredou pela carreira artística ao lado do irmão Fernando César, no duo chorão Dois de Ouro, até ganhar visibilidade na primeira edição do Prêmio Visa, em 98.
Com o dobro de tempo de carreira que a idade de seu predecessor, o ativista Max Roach empunha as baquetas hoje mais em prol da causa do jazz que as do movimento negro, uma de suas bandeiras nos anos 60. O que interessa é que ainda é um dos mestres absolutos do instrumento.
O Main Stage celebra também um encontro de gerações. À parte a covardia de qualquer (tentadora) comparação, Sean Lennon inscreve sua trajetória com dignidade e angaria um respeito que o irmão Julian nunca conseguiu, sem pegar carona no carrinho velho (e ainda reluzente) do papai. Por fim, o Sonic Youth tem chance de mostrar por que construiu a reputação de ícone supremo do indie rock norte-americano. Uma das bandas mais aguardadas, deve renovar a geração de devotos da distorção e do barulho feitos, digamos, com muito esmero.


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