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O rock do Sonic Youth e Sean Lennon e a bateria de Max Roach abrem festival em SP
FREE JAZZ INICIA HOJE UMA DE SUAS EDIÇÕES MAIS PLURALISTAS
Uma noite do barulho
FREE JAZZ FESTIVAL
FESTIVAL
Choro, jazz e rock chegam revestidos de ousadia na noite mais norte-americana; só há ingressos para o domingo
Free Jazz começa celebrando inquietação
ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando Irvin Mayfield assumir
o palco New Directions do Free
Jazz Festival, no Jockey Club paulista, a partir das 20h desta noite,
estará sendo consagrada uma das
edições mais pluralistas e "liquidificadoras" nos 15 anos do evento. O único dia com ingressos disponíveis em São Paulo é o domingo, e apenas para um dos espaços.
A mistura e a (história da) ousadia são marcas fortes desta versão
2000, seja na acomodação, na grade de programação, de gêneros
diversos, seja na absorção indiscriminada de influências por cada
artista. Até mesmo na porção
mais histórica do jazz o tom é o da
invenção: ainda que a renovação
do bebop de Max Roach date de
quatro décadas atrás, poucas vezes o jazz fez sua revisão com tal
impacto, em bloco, na história.
Nesta primeira noite (a mais
norte-americana e a única em que
o jazz ocupa o New Directions), o
prodigioso Mayfield, 22, desliza
pelo repertório de seus dois CDs.
Nascido em New Orleans, o trompetista esteve no Brasil este ano,
junto do grupo Los Hombres Calientes.
Greg Osby, em seguida, põe seu
sax alto a serviço de um multiprocessador de black music que resume em formato jazzístico o início
da carreira vinculada ao funk, ao
R&B e ao blues, além da malemolência afro-caribenha.
O carioca radicado em Brasília
Hamilton de Holanda merece ser
visto como mais que um aquecimento para Max Roach. Aos 24
anos, o bandolinista enveredou
pela carreira artística ao lado do
irmão Fernando César, no duo
chorão Dois de Ouro, até ganhar
visibilidade na primeira edição do
Prêmio Visa, em 98.
Com o dobro de tempo de carreira que a idade de seu predecessor, o ativista Max Roach empunha as baquetas hoje mais em
prol da causa do jazz que as do
movimento negro, uma de suas
bandeiras nos anos 60. O que interessa é que ainda é um dos mestres absolutos do instrumento.
O Main Stage celebra também
um encontro de gerações. À parte
a covardia de qualquer (tentadora) comparação, Sean Lennon
inscreve sua trajetória com dignidade e angaria um respeito que o
irmão Julian nunca conseguiu,
sem pegar carona no carrinho velho (e ainda reluzente) do papai.
Por fim, o Sonic Youth tem chance de mostrar por que construiu a
reputação de ícone supremo do
indie rock norte-americano. Uma
das bandas mais aguardadas, deve renovar a geração de devotos
da distorção e do barulho feitos,
digamos, com muito esmero.
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