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MÚSICA
Em "3001" ela abandona a regra do bis burocrático e obedece à platéia
Rita Lee canta seus "lados B" e atende pedidos do público
DA REPORTAGEM LOCAL
A turnê "3001", de Rita Lee, chega hoje a São Paulo, trazendo a
cantora, compositora e roqueira
paulistana de volta a um ritual de
que o show business brasileiro parece andar esquecido: o do bis.
Entre rocks, teremins (instrumento "marciano" que se popularizou nos anos 60 em mãos como
as de Brian Wilson, dos Beach
Boys) e alguma eletrônica, Rita resolveu derrubar a burocracia que
tem dominado as sessões de bis e
entregar, de fato, as escolhas do
bloco final à platéia.
"Durante o show, o repertório é
de novíssimas e de "lados B". Todo
mundo fica prestando atenção
nos vídeos caseiros propositalmente chulé que Gringo Cardia
fez e não percebe que não cantamos "Ovelha Negra", "Mania de
Você"... O bis, então, é a hora de
compensar. Às vezes dura mais de
meia hora", explica Rita.
Além do rosário de hits, a sessão
rendeu surpresas por onde passou. "Pediram "Pirata Cigano"
(82), que odeio e não sei mais cantar. Era uma bicha louquíssima,
que fiz subir ao palco e cantar junto. Pra gente, vira farra", diz.
Para a falta de memória, o socorro vem do produtor, músico e
marido Roberto de Carvalho, que
centraliza o palco com Rita e o filho guitarrista Beto Lee. "Canto
até onde lembrar, mas Roberto
sabe todas as músicas de cor."
Roberto, por sua vez, fala do estranhamento que a banda vem
notando em platéias como a do
ATL Hall, no Rio de Janeiro.
"O primeiro bloco é de seis músicas novas bem "pauleiras". No
Rio, alguém reclamou que o som
estava alto demais. Em locais em
que os ingressos são caros demais, a garotada acaba não aderindo à causa, o público participa
menos, assiste mais. Em Porto
Alegre e Araraquara foi diferente,
com muita garotada", conta, traduzindo indiretamente outro impasse vivido pelo show business
nacional, o das platéias elitizadas
em casas de espetáculos gigantes
em São Paulo e Rio.
Rita explica a opção pelos lados
B: "Quis pegar o que não cantava
há tempos ou nunca tinha cantado. Nunca cantei "Panis et Circensis" (68, dos Mutantes tropicalistas). Meu filho mais novo ouviu e
perguntou: "Vão cantar música da
Marisa Monte?'".
Estão prometidas, além dessa,
"Lá Vou Eu" (75), "Fruto Proibido" (75), "Bem-Me-Quer" (80),
"Noviças do Vício" (85) e "Eu Sou
Terrível" (67, da fase roqueira de
Roberto Carlos).
Do túnel do tempo, deve vir
também "Miss Brasil 2000" (78),
se a drag Nany People topar a performance de miss. "Vou cantar
essa música pela última vez, não
faz mais sentido. "Vou apresentar
pela última vez/Ela que já foi pra
todos vocês'", brinca.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Show: 3001
Artista: Rita Lee
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila
Olímpia, tel. 0/xx/11/3846-2300)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 40 a R$ 60
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