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TEATRO/CRÍTICA
"Toda Nudez" aproxima teatro e psicanálise
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em tempos de debates sobre
Freud, graças à exposição sobre o pai da psicanálise no Masp,
nada mais adequado do que a encenação de "Toda Nudez Será
Castiga", em cartaz no teatro Oficina, com direção de Cibele Forjaz. Afinal, se Freud trouxe o sexo
para o debate científico, foi Nelson Rodrigues, o autor do texto,
quem trouxe o sexo real para a
dramaturgia brasileira.
Senão, vejamos: na peça, Geni
(Leona Cavalli) é a prostituta
-profissional do sexo- em busca de redenção por meio do casamento. Herculano (Hélio Cícero)
é o viúvo que se torna um obsessivo sexual após conhecer Geni, enquanto Serginho (Vadim Nikitin), seu filho, vivia entre a paixão
incestuosa pela mãe e uma homossexualidade reprimida.
Temos aí um prato cheio para a
psicanálise e para o teatro. Esses
personagens, de certa forma exagerados, lembram a construção
dos personagens e da temática do
diretor de cinema Pedro Almodóvar. Ambos, Rodrigues e Almodóvar, nos tocam justamente por
irem além do senso comum sobre
a sexualidade e, com isso, permitem uma reflexão muito mais elaborada. Os desejos realizados no
palco ou na tela são muitas vezes
aqueles que não conseguimos
realizar na vida real e, por isso,
tanto nos atraem.
A encenação no Oficina foi precedida por montagem no Sesc Belenzinho. Lá, a platéia era disposta
de maneira circular no palco, e o
espetáculo desenvolvia-se dentro
do círculo. É dessas boas idéias
que na prática demonstram-se incômodas ao público, justamente a
quem pretende-se agradar.
Entretanto, como um bom texto, é na presença dos atores que o
espetáculo cresce. Cavalli tem
uma participação envolvente, sua
Geni é quente, voluptuosa. Outra
boa atuação fica por conta de Cícero, um Herculano dividido e
apaixonado.
"Toda Nudez Será Castigada",
já no nome, revela culpa, outro tema freudiano. Complementares,
Freud e Rodrigues merecem ser
vistos.
Toda Nudez Será Castigada
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Cibele Forjaz
Com: Leona Cavalli, Hélio Cicero,
Gustavo Machado e outros
Quando: sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h
Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520,
Bela Vista, tel. 0/xx/11/3106-2818)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (estudantes)
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