EDER CHIODETTO
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

Com o título "O Esplendor dos Contrários" -que pode ser explicado pelo subtítulo "Aventuras Colorísticas da Musa Paradisíaca no País dos Contrários"- abre hoje a grande mostra retrospectiva que o multiartista Arthur Omar apresenta no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo.
Como já é praxe, o CCBB empresta a totalidade de seu prédio no Centro para abrigar um artista. No caso de Arthur Omar, todo espaço, porém, parece pouco.
A artilharia do "Esplendor" começa no térreo, onde o visitante é recebido por uma instalação de monitores de vídeo com imagens de garotos saltando no rio Amazonas intercaladas pelas explosões de fogos de artifício em Copacabana (os mesmos que mataram uma pessoa no último Réveillon) ao som de metralhadoras, canhões e AR-15.
O rio Amazonas, aliás, é uma das musas paradisíacas citada pelo artista. Além dessa instalação, ele e sua margem são personagens principais das fotografias que ocupam as salas dos andares superiores.
Omar gosta de incitar pessoas a descobrir metáforas para além do óbvio que as imagens oferecem. Por isso suas fotografias, bem como seus vídeos e filmes, devem ser vistos com desconfiança. Nada é o que parece ser. No vernáculo arthuriano, uma árvore retorcida na beira do rio pode ser uma bailarina correndo, patas de elefantes ou aves alçando vôo. Uma árvore contém a imagem de uma árvore e uma infinidade de outras significações.
Os vídeos experimentais, de difícil acesso ao público já que o mercado nacional não é suficientemente criativo para incorporá-los, são o supra-sumo da mostra.
Estará em exibição praticamente toda a obra em vídeo do artista.