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ARTES PLÁSTICAS
"Brazil, Body & Soul" tem predominância de arte barroca
Exposição brasileira estréia
com críticas em Nova York
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
"Tem santo demais aqui", comentava o artista plástico Antonio Manuel, anteontem, horas antes da abertura oficial da mostra
"Brazil, Body & Soul", no Guggenheim de Nova York. Manuel é
um dos contemporâneos a exporem obras no pequeno time de oito brasileiros da mostra. Sua insatisfação em relação à curadoria da
exposição resumia os comentários de vários outros artistas.
Das 400 obras expostas no museu norte-americano, cerca de 260
são do barroco brasileiro, o que
faz com que o movimento predomine na mostra. A presença do
imenso altar-mor do mosteiro de
São Bento, em Olinda, apesar de
ter apenas 30% de sua montagem
concluída na inauguração, reforça a forte presença do barroco.
"Esse conceito já partiu do próprio diretor do Guggenheim,
Thomas Krens, ao escolher como
curador geral Edward Sullivan,
para quem a arte contemporânea
é fruto do próprio barroco", dizia
Nelson Aguilar, um dos curadores-adjuntos da exposição.
"Eu também já sofri muito em
ter que deixar para o segundo plano a arte contemporânea", comentava ainda outro dos curadores-adjuntos, o italiano Germano
Celant. "Mas é preciso apresentar
as bases de uma cultura, para depois mostrar a produção atual."
Outra das críticas expressadas
pelos artistas é dirigida à cenografia de Jean Nouvel. "As paredes
construídas na parte contemporânea diminuíram o espaço para a
observação das obras. Elas ficaram acanhadas", comentava
Adriana Varejão.
Os únicos privilegiados foram
Regina Silveira e Antonio Manuel.
Suas obras estão numa sala anexa
à espiral de Frank Lloyd Wright
com muito espaço. São também
as únicas que visualmente produzem um interessante diálogo.
Ambas são branco e preto.
Participam ainda do módulo
denominado Projetos Contemporâneos os artistas Tunga, Lygia
Pape, Varejão, Vik Muniz, Miguel
Rio Branco e Ernesto Neto.
Neto chegou a ser convidado
pela curadoria para criar uma
obra para ficar suspensa sobre o
altar. Seria uma forma de simbolizar as conexões entre barroco e
produção contemporânea. No
entanto o projeto cenográfico de
Nouvel, que escureceu até mesmo
a clarabóia do museu, impossibilitou a montagem do projeto criado por Neto. O Guggenheim acabou apresentando uma obra dele
que faz parte de seu acervo.
Mesmo assim, a grande intervenção do arquiteto francês, que
tornou preta a parte interna do
museu, teve comentários unânimes. "Ficou elegante e ao mesmo
tempo transgressor", disse o curador cubano Manuel González.
"Brasil, Body and Soul" fica em
cartaz até 27 de janeiro em Nova
York. Em março ela é inaugurada
na filial do Guggenheim em Bilbao, onde fica até setembro.
Depois desse panorama didático da arte brasileira, o diretor do
museu já aventa a possibilidade
de organizar uma individual.
"Desde 1994, penso em expor Hélio Oiticica, que, para mim, é precursor, nos anos 60, da arte que se
produziu nos anos 80. Quem sabe
seja possível expor Oiticica ou
mesmo outro contemporâneo",
disse Krens.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite da associação BrasilConnects
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