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Non Solo Pasta lembra cantinas antigas
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Se alguém pensa que abrir
uma cantina italiana pode ser
simples, verá que não é o caso, especialmente se conhecer a operação que se esconde por trás da
Non Solo Pasta, recém-inaugurada na avenida Faria Lima.
Na verdade esta cantina é apenas a ponta de um iceberg que começa a se constituir ali. A poucos
metros fica um "laboratório" de
massas, onde elas são produzidas
sob a supervisão do chef italiano
Carlo Peccenini, com maquinário
e ingredientes importados; e no
mesmo quarteirão da cantina,
ainda neste ano, abrirá o Capriccio, um restaurante voltado para a
alta gastronomia, no mesmo local
em que funcionará uma rotisserie, um empório e uma adega.
Toda essa operação começou a
ser montada há dois anos e entrou
na reta final com a mudança para
o Brasil do proprietário Luciano
Monteleone. Romano, ele está envolvido na área desde que, recém-formado, começou a trabalhar na
fábrica de massas da cunhada.
Anos depois abriu uma empresa
de exportação de queijos, salames
e vinhos. Em 1975 montou uma
empresa de canelones; depois,
abriu o restaurante l'Albero delle
Giuggiole, em Campagnano, e
outras duas casas em Roma: uma
pizzaria e um restaurante de frutos do mar. Casado com uma brasileira e apaixonado pelo país,
voltou sua atenção a São Paulo.
E resolveu começar pela cozinha mais simples, de cantina. Mas
não se trata da cantina paulistana
usual. O Non Solo Pasta é espaçoso, tem cozinha aberta para o salão, tem preocupação com os vinhos, enfim, tem uma visão sofisticada do negócio, o que aparece
também no serviço (pratos individuais, sem a fartura das cantinas
paulistanas e também mais caros)
e na equipe: um chef italiano Samuele Oliva -com 18 anos de experiência no restaurante de sua
família em Padova-; um sommelier da mesma nacionalidade,
Marcolino Bonomi; um maître
experimentado em bons restaurantes italianos da cidade (Cleyton Macedo, ex-Gero e Piselli).
Com todo esse cuidado, porém,
há um certo desacerto no resultado do que vem ao prato. Brada-se
que o Non Solo Pasta dedica-se à
leveza da cozinha mediterrânea
(não vou repetir quantos pecados
são cometidos em nome dessa definição tão genérica), mas os molhos são grossos, sem sutileza, reduzidos até a exaustão. Imagine a
leveza possível num prato como
linguado grelhado com molho de
camarão, alcaparras e pimenta
rosa. Pois os filés do peixe, fininhos, surgem passados, secos, enquanto o molho é uma pasta grossa e agressiva em que se salvam os
camarões. Ou, antes de partir para uma especialidade como ravióli de abóbora e castanha-de-caju,
fiquemos num clássico cantineiro, espaguete ao ragu (molho com
tomate fresco e carne moída): boa
massa, mas já chega ao prato totalmente embebida no molho,
formando uma liga muito densa.
Se a opção é o pernil de cordeiro
assado, este é macio (embora um
pouco ressecado); e novamente o
molho de hortelã, se o esperado
era um leve aroma, surge como
um molho engrossado, pesado.
Coisas que evocam mais uma antiquada (e querida) cantina paulistana do que a prometida leveza
modernizada do Mediterrâneo.
@ - josimar@basilico.com.br
NON SOLO PASTA
Cotação: $$
Avaliação: regular
Endereço:
av. Brigadeiro Faria Lima,
2.545, Itaim, tel. 0/xx/11/
3034-5680
Funcionamento:
ter. a sab., das 12h à 0h;
dom., das 12h às 19h; ter.
a sex., das 16h às 19h
Ambiente: amplo, com
cozinha envidraçada para
o salão
Serviço: profissional
Serviço de vinhos:
carta provisória, já com
variedade de italianos
Estacionamento com
manobrista: R$ 5 (almoço), R$ 7 (jantar)
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$
13 a R$ 18; pratos principais, de R$ 15 a R$ 38; sobremesas, de R$ 8 a R$ 12
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