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Howard Johnson desafia a gravidade da tuba
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local
No reino dos instrumentos, a tuba é como se fosse o hipopótamo. É
grandalhão e de som profundamente grave.
Na última apresentação do 13º
Free Jazz Festival, anteontem à
noite, o norte-americano Howard
Johnson desafiou a sisudez do instrumento e mostrou que os hipopótamos também podem dançar
balé. Com leveza.
Não se tratava de apenas um hipopótamo bailarino. O palco do
Jockey Club recebeu seis tubas,
que formam o conjunto Gravity,
criado por Johnson há 30 anos.
É justamente contra a gravidade
que o sexteto de tubistas mostrou
que costuma caminhar. Ao longo
de duas horas de espetáculo, o desafio de juntar seis exemplares do
instrumento grave se dissolveu na
competência que Howard Johnson
tem para arranjá-los.
O instrumentista e seus colegas
de sopro, legendas da modalidade
como Big Daddy (que tocava com
o grupo soul Blood, Sweat and
Tears) e Bobby Stewart (que acompanhou por muitos anos o bluesman Taj Mahal), apresentaram todas as tessituras do instrumento.
A tuba não é apenas grave. Pode
ser tão cheia de graça quanto a microscópica flautinha "penny whistle" que Johnson assoprou em alguns momentos do show.
²
Showroom de instrumentos
Antes de Howard Johnson, o palco Club do Free Jazz recebeu Antúlio Madureira. É muito provável
que o sóbrio salão Luiz Nazareno
do Jockey nunca tenha visto tanta
folia.
Músico de ouvido absoluto, Madureira fez um alegre "showroom"
dos instrumentos que criou e de
todas as possibilidades que eles
possuem.
Tocou marimbau (instrumento
feito com latas de leite), marimbaça (quase uma cítara feita com uma
cabaça "tamanho família" e bambu) e, em um serrote, "Ave Maria",
de Schubert.
No fim de sua "tour de force",
Madureira deixou para trás sua sonoridade "Hard Nova Era Nordestina" e pôs o público para dançar
cantiga de roda, frevo e variantes.
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