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ANÁLISE
Júri arruina "evento da década"
do enviado a Brasília
O júri de 35 mm do 31º Festival de
Brasília arruinou aquela que poderia ser a melhor edição do evento
nos anos 90.
Não tanto por ter premiado o filme mais impessoal da competição,
em detrimento de concorrentes
muito mais ousados e autorais.
A escolha mostra uma tendência
conservadora, mas defensável:
"Amor & Cia." também é um filme
digno, que realiza com competência aquilo a que se propõe.
O problema maior foi a tentativa
de disfarçar esse conservadorismo
com uma distribuição irresponsável dos outros prêmios -talvez
porque o único em dinheiro (R$ 50
mil) fosse o de melhor filme.
²
Categorias ignoradas
Num festival em que a qualidade
da fotografia se destacou, com trabalhos belíssimos de artistas como
Mário Carneiro ("O Viajante"), José Tadeu Ribeiro ("Amor & Cia."),
Hugo Kovensky ("Kenoma"), Jean
Benoit Crépon ("A Hora Mágica"),
Affonso Beato e Breno Silveira
("Traição"), o júri simplesmente
ignorou a categoria.
Da mesma forma, ficaram sem
premiação roteiro e montagem.
Ora, se não há fotografia, se não há
roteiro e não há montagem, o que
sobra do cinema?
Sobra o que se viu no encerramento: politicagem, compadrio,
gracejos, leviandade.
Sem saber como reagir diante do
talento exuberante e sem concessões de um Rogério Sganzerla, o
que faz um júri como esse? Dá-lhe
um troféu de consolação, sob o rótulo engraçadinho de "prêmio de
colagem antropofágica".
Em vez de premiar a coragem e o
vigor da diretora Eliane Caffé, de
"Kenoma", inventa um prêmio de
"melhor abertura" para sua irmã, a
artista plástica Carla Caffé.
Em resumo, o Festival de Brasília
não teve um júri à altura de seus filmes e de seu público.
(JGC)
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