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ARTES PLÁSTICAS
Museu de Arte da Pampulha, MAP, exibe mostra panorâmica do artista paulista, com 38 obras
Obras de Edgard de Souza desafiam espaço de Niemeyer
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
O confronto é proposital. Ao
inaugurar hoje sua primeira mostra como curador à frente do Museu de Arte da Pampulha, MAP,
Adriano Pedrosa apresenta 38
obras, realizadas nos 12 últimos
anos pelo artista paulistano Edgard de Souza, 39.
São obras enigmáticas, em formatos desproporcionais e com
funções trocadas. Bacias imensas
que não são bacias, esculturas em
formato de móveis, mas que não
podem usados como tal, imensas
pérolas. Há nelas uma certa semelhança com as obras irônicas de
Jeff Koons -com quem Souza
não gosta de ser comparado.
Essas esculturas incomodam e
questionam o espaço modernista
do museu, considerado uma das
obras-primas de Niemeyer, construído em 42 para ser um cassino,
quando o arquiteto tinha ainda 35
anos, no complexo da lagoa da
Pampulha, em Belo Horizonte.
Pequena caixa de jóias da arquitetura brasileira, o museu torna-se um ótimo contraponto para os
objetos misteriosos de Souza.
"As mostras que pretendo organizar aqui são diálogos com o espaço do museu", explica Pedrosa.
No futuro, haverá também a criação de obras específicas para o local, o que não foi o caso, nem a necessidade, da mostra que é inaugurada hoje.
Entretanto é importante ressaltar que não se estabelece uma batalha entre espaço e obras. Niemeyer, "modernista sensual", na
definição do curador Carlos Basualdo, tampouco cria espaços assépticos, como os do arquiteto
Ludwig Mies van der Rohe. Suas
curvas orgânicas, já presentes na
Pampulha, acolhem generosamente as obras de Souza.
A exposição é denominada panorâmica: "Uma retrospectiva
daria um tom de mostra final, o
que não é o caso", diz Pedrosa.
Mesmo assim, é possível acompanhar o percurso de Souza, desde
obras mais barrocas, quase desconhecidas, do início da década de
90, como "Laranja" e "Árvore",
até as mais recentes, como a série
"Glitter", uma releitura da arte
concreta, feita com purpurina.
No mezanino do MAP, está ainda exposta uma foto de Vik Muniz, "Homenagem ao Centenário
de J.K.", da série "Pictures of Chocolate", que Pedrosa espera conquistar para o acervo do museu.
O MAP funciona com um orçamento reduzido, de R$ 200 mil
anuais, em tempos de megaexposições, feitas para chamar público.
Mesmo assim, Pedrosa promete
dinamizar o museu. "O Brasil
precisa de muitas exposições em
pequenos espaços", diz Pedrosa.
Se depender da primeira mostra,
o caminho parece correto.
O jornalista Fabio Cypriano viajou a
convite do Museu de Arte da Pampulha
EDGARD DE SOUZA E VIK MUNIZ -
mostra com 38 obras de Edgard de
Souza, produzidas desde 89, e uma
fotografia de Vik Muniz, em homenagem
ao centenário de JK. Curador: Adriano
Pedrosa. Onde: Museu de Arte da
Pampulha (av. Otacílio Negrão de Lima,
16.585, Belo Horizonte, MG, tel. 0/xx/
31/3277-7946). Quando: abertura hoje,
às 20h; de ter. a dom., das 9h às 18h. Até
8/1/2002. Quanto: entrada franca.
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