São Paulo, terça-feira, 20 de novembro de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Museu de Arte da Pampulha, MAP, exibe mostra panorâmica do artista paulista, com 38 obras

Obras de Edgard de Souza desafiam espaço de Niemeyer

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O confronto é proposital. Ao inaugurar hoje sua primeira mostra como curador à frente do Museu de Arte da Pampulha, MAP, Adriano Pedrosa apresenta 38 obras, realizadas nos 12 últimos anos pelo artista paulistano Edgard de Souza, 39.
São obras enigmáticas, em formatos desproporcionais e com funções trocadas. Bacias imensas que não são bacias, esculturas em formato de móveis, mas que não podem usados como tal, imensas pérolas. Há nelas uma certa semelhança com as obras irônicas de Jeff Koons -com quem Souza não gosta de ser comparado.
Essas esculturas incomodam e questionam o espaço modernista do museu, considerado uma das obras-primas de Niemeyer, construído em 42 para ser um cassino, quando o arquiteto tinha ainda 35 anos, no complexo da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte.
Pequena caixa de jóias da arquitetura brasileira, o museu torna-se um ótimo contraponto para os objetos misteriosos de Souza.
"As mostras que pretendo organizar aqui são diálogos com o espaço do museu", explica Pedrosa. No futuro, haverá também a criação de obras específicas para o local, o que não foi o caso, nem a necessidade, da mostra que é inaugurada hoje.
Entretanto é importante ressaltar que não se estabelece uma batalha entre espaço e obras. Niemeyer, "modernista sensual", na definição do curador Carlos Basualdo, tampouco cria espaços assépticos, como os do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe. Suas curvas orgânicas, já presentes na Pampulha, acolhem generosamente as obras de Souza.
A exposição é denominada panorâmica: "Uma retrospectiva daria um tom de mostra final, o que não é o caso", diz Pedrosa. Mesmo assim, é possível acompanhar o percurso de Souza, desde obras mais barrocas, quase desconhecidas, do início da década de 90, como "Laranja" e "Árvore", até as mais recentes, como a série "Glitter", uma releitura da arte concreta, feita com purpurina.
No mezanino do MAP, está ainda exposta uma foto de Vik Muniz, "Homenagem ao Centenário de J.K.", da série "Pictures of Chocolate", que Pedrosa espera conquistar para o acervo do museu.
O MAP funciona com um orçamento reduzido, de R$ 200 mil anuais, em tempos de megaexposições, feitas para chamar público. Mesmo assim, Pedrosa promete dinamizar o museu. "O Brasil precisa de muitas exposições em pequenos espaços", diz Pedrosa. Se depender da primeira mostra, o caminho parece correto.


O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do Museu de Arte da Pampulha



EDGARD DE SOUZA E VIK MUNIZ - mostra com 38 obras de Edgard de Souza, produzidas desde 89, e uma fotografia de Vik Muniz, em homenagem ao centenário de JK. Curador: Adriano Pedrosa. Onde: Museu de Arte da Pampulha (av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Belo Horizonte, MG, tel. 0/xx/ 31/3277-7946). Quando: abertura hoje, às 20h; de ter. a dom., das 9h às 18h. Até 8/1/2002. Quanto: entrada franca.



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