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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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CRÍTICA

Quase-silêncio dá golpes na violência

DA REPORTAGEM LOCAL

A violência social brasileira sempre foi o principal material de trabalho do atuante grupo O Rappa. Seu carisma junto ao público de periferia (mas não só ali) brotou do ato de o grupo processar violência em arte -em arte cândida, de forte asco à brutalidade.
Pois recentemente a violência se intrometeu como nunca no cotidiano do Rappa. De inimiga número um, passou a agressora direta, no drama de Yuka ou nos desentendimentos internos.
Era vital que houvesse "O Silêncio Q Precede o Esporro" -mesmo sem Yuka, ele é a declaração de que a violência perdeu, O Rappa ganhou. É admirável, por isso, que não seja um disco acuado, que traga até Zeca Pagodinho cantando "Maneiras".
Sofre, sim, da falta de Yuka -as letras ficaram assustadas, não dizem de cara o que querem dizer. Mas dissipa o medo de que o Rappa tivesse um cérebro só (nenhuma banda tem; sem Chico Science, a Nação Zumbi sobrevive, evolui e lota shows).
Torcendo por Yuka (como nos lamentos "my brother" de "Rodo Cotidiano"), O Rappa apresenta trabalho de consistência antes de tudo musical. Os arranjos são complexos, sempre ricos. As inúmeras vinhetas quase mudas são uma porretada na cabeça de todo mundo -arremessada pelo Rappa, como sempre, em forma de candura, de quase-silêncio.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


O Silêncio Q Precede o Esporro    
Grupo: O Rappa
Lançamento: Warner
Quanto: entre R$ 17,90 e R$ 23,90, segundo a banda



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