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"Killer Joe" une violência, sexo e TV
do enviado a Nova York
A comédia de humor negro "Killer Joe", do americano Tracy
Letts, estreou há três anos em Londres e deu o empurrão para o estabelecimento da nova dramaturgia
de língua inglesa: uma dramaturgia crua, de violência realista nas
relações pessoais e familiares, mimetizando um cotidiano de niilismo e banalização.
Agora em cartaz em Nova York,
com elenco encabeçado por Scott
Glenn (do filme "Os Eleitos") e
Amanda Plummer ("Pulp Fiction"), a peça é o grande êxito da
nova temporada no circuito Off
Broadway. E está tudo lá: a banalização da violência, a estupificação
pela TV, o sexo (nu frontal, raríssimo no teatro americano), o crime
(tiros, luta, sangue).
Mas a peça, para além dos recursos de maior choque, têm diálogos
que expressam de forma hilariante
os conflitos de relação, os sentimentos que afloram, do amor ao
ciúme ao ódio, em mudanças de
curso que não permitem desvio de
atenção do espectador.
Na trama, o jovem Chris, devendo a traficantes, arma um golpe:
contratar um assassino para matar
a própria mãe, que deixaria o dinheiro do seguro para a irmã de
Chris, Dottie. Chris convence o
pai, Ansel, que mora num trailer
com uma nova mulher e Dottie, e
ambos contratam o assassino: Killer Joe Cooper. Mas eles não têm o
dinheiro à vista e são obrigados a
deixar Dottie, que tem pequenos
problemas mentais, como "caução" com o assassino. Ele se muda
para o trailer.
O tempo todo, a família Smith está a assistir televisão, vendo reprises de programas policiais como
"Cannon". A certa altura, Killer
Joe está resolvendo se mata ou não
a segunda mulher de Ansel e este
não tira o olho do que está passando na televisão. Parece inverossímil, mas não é, na cena.
E parece "camp", mas a qualidade dos diálogos e das interpretações não permite que isso se estabeleça. Da "shepardiana" serenidade de Scott Glenn como Killer
Joe (neste que é um texto à la Sam
Shepard, tornado cômico) à interpretação à la Actors Studio (tornada ridícula) de Mike Shannon como Chris, "Killer Joe" é teatro dos
mais sérios.
(NS)
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