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Gray chega a si mesmo
do enviado a Nova York
No final de "Morning, Noon and
Night", o autor e intérprete Spalding Gray relata sua tentativa de
dormir na cama com a mulher,
Kathy, enquanto um bebê, dormindo entre eles, chuta e empurra
inconscientemente o pai.
É o fim de um espetáculo em que
Gray, no 19º monólogo e já perto
dos 60 anos, como que aceita serenamente a idade e saúda outra geração. Mas é mais que isso.
Com seus monólogos ou shows
confessionais de "stand up", com a
diferença de que sempre se apresenta sentado, Gray vem construindo um painel satírico da vida
norte-americana deste final de século.
Guarda certa relação com a literatura de Thomas Wolfe, a quem já
se referiu como modelo.
Em "Swimming to Cambodia",
seu monólogo de maior sucesso
(filmado por Jonathan Demme)
nos anos 80, relatava as agruras nas
filmagens de "The Killing Fields",
sobre a guerra. Em "Monster in a
Box", em 90, relatava as agruras
causadas pelo sucesso de "Swimming".
Mas é no cotidiano, não nos temas amplos, que Gray se revela o
grande artista -em sua obsessão
egocentrada.
Herdeiro da paixão da vanguarda teatral nova-iorquina pelo humorista Lenny Bruce, reúne um
texto de revelações profundas (em
"Morning", ainda "em processo")
a um talento pleno para o humor.
(NS)
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