São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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Gray chega a si mesmo

do enviado a Nova York

No final de "Morning, Noon and Night", o autor e intérprete Spalding Gray relata sua tentativa de dormir na cama com a mulher, Kathy, enquanto um bebê, dormindo entre eles, chuta e empurra inconscientemente o pai.
É o fim de um espetáculo em que Gray, no 19º monólogo e já perto dos 60 anos, como que aceita serenamente a idade e saúda outra geração. Mas é mais que isso.
Com seus monólogos ou shows confessionais de "stand up", com a diferença de que sempre se apresenta sentado, Gray vem construindo um painel satírico da vida norte-americana deste final de século.
Guarda certa relação com a literatura de Thomas Wolfe, a quem já se referiu como modelo.
Em "Swimming to Cambodia", seu monólogo de maior sucesso (filmado por Jonathan Demme) nos anos 80, relatava as agruras nas filmagens de "The Killing Fields", sobre a guerra. Em "Monster in a Box", em 90, relatava as agruras causadas pelo sucesso de "Swimming".
Mas é no cotidiano, não nos temas amplos, que Gray se revela o grande artista -em sua obsessão egocentrada.
Herdeiro da paixão da vanguarda teatral nova-iorquina pelo humorista Lenny Bruce, reúne um texto de revelações profundas (em "Morning", ainda "em processo") a um talento pleno para o humor. (NS)



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