ALEXANDRE MATIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O carioca Fábio Soares começou a fazer música eletrônica quando os disquetes ainda eram daqueles de 5 e 1/4 polegadas.
Quase dez anos depois, ele é o centro de uma banda que conta com baixo, guitarras, groovebox e mesa de som. Sua reputação como produtor foi crescendo à medida em que seu projeto solo foi se transformando em banda.
Hoje, com cinco integrantes na formação, o Gerador Zero está na elite da eletrônica feita no Brasil e lança finalmente o primeiro CD.
Mas as referências são tantas que nem Soares se atém ao rótulo. "Há algum tempo eu diria que é música eletrônica", diz o produtor, que batizou a banda após o apelido dos tempos de quartel (Recruta Zero). "Agora fazemos um som com tantos instrumentos que fica difícil dizer isso. Brincamos que é "música eletrônica traíra", pois já perdemos a conta do número de vezes que disseram que estamos "traindo a cena'".
A lista de mutações sônicas do Gerador vai longe, mas a principal característica do som é reunir os telecotecos do jungle com o groove funky do big beat. Esta fusão abre espaço para as intervenções de rock e música brasileira que quase sempre invadem todas as faixas do disco de estréia.
Lançado às próprias custas, o CD é a versão turbo da demo lançada pelo selo gaúcho Hipocampo, em 1999. Uma ausência em ambos é a faixa "Turboelis" -um drum'n'bass construído sobre pedaços de "Águas de Março", gravada por Tom Jobim e Elis.
"Turboelis" ficou de fora por problemas com direitos autorais mesmo", lamenta o produtor. "Tentamos entrar em contato com a família do Tom Jobim, mas sem sucesso. Mesmo que conseguíssemos eles não poderiam fazer nada, pois os direitos são da editora fonográfica, que provavelmente pediria muito mais do que poderíamos pagar. Resolvemos deixá-la de fora para não ter dor de cabeça, mas ela está disponível no site para downloads".
E o material do segundo disco está quase pronto. Previsto para ser lançado no meio de 2003, ele "vai ser realmente estranho".