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MÚSICA
POP ROCK
Banda faz últimas apresentações no Sesc Pompéia
Karnak chega ao fim com 2 shows em SP
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Não tem graça nenhuma. Depois de dez anos tentando fazer
com que o público levasse a sério
a sua mistura de pop rock com experimentalismo e línguas arcaicas
(ou inventadas?), o Karnak resolveu decretar o seu fim. Com dois
shows marcados para amanhã e
domingo, no Sesc Pompéia, seu líder, André Abujamra, promete
reunir no palco "todos os músicos
que já participaram do Karnak".
"Só o cachorro [que "atuava] nos
primeiros clipes do grupo" não
vai estar. Ele morreu envenenado
na Vila Madalena."
Em entrevista à Folha, o músico, que recentemente reatou a
parceria com Maurício Pereira
para relembrar as músicas da oitentista Os Mulheres Negras, falou sobre o final da estranha, mas
elogiadíssima banda, recém-chegada de uma turnê nos EUA.
Folha - Por que vocês decidiram
acabar com o Karnak?
André Abujamra - É importante
deixar claro que a gente não brigou. Somos muito amigos, gravamos três discos ["Karnak" (95), "Universo Umbigo (97) e "Estamos Adorando Tokio" (2000)] e
passamos dez ótimos anos juntos.
Foi só um ciclo que acabou. Estávamos em uma encruzilhada: sabíamos que fazíamos letras poéticas, bonitas, mas acabamos nos
tornando uma caricatura. As pessoas ouviam a música por dez segundos na TV e achavam engraçada. A culpa é minha. Sempre
achei que o Karnak fosse uma
banda popular, mas as pessoas diziam que era requintada demais.
Folha - Apesar do sucesso nos
EUA, Canadá e Europa, vocês nunca
fizeram grande barulho por aqui...
Abujamra - O que eu nunca vou
fazer é pagar jabá. Os caras cobram, sim. E não é que as pessoas
só gostam de música ruim. Se colocassem Frank Zappa cinco vezes por dia no rádio, elas começariam a gostar. O mesmo aconteceria com ritmos brasileiros como o maracatu. Tinha que tocar Mestre
Salustiano no rádio.
Folha - A volta dos Mulheres Negras influenciou sua decisão em
encerrar o Karnak?
Abujamra - Não, a volta é passageira. O que acontece é que eu e o
Maurício [Pereira] temos uma
química absurda no palco. Não é
oportunismo, aproveitando a
atual onda anos 80. Nunca ganhamos dinheiro com essa banda
porque o som sempre foi esquisito, e isso não vai mudar agora.
Folha - Por que tanto mistério em
torno do Fat Marley?
Abujamra - Isso nasceu de um
personagem que eu fui convidado
a fazer [em "Durval Discos", que
estréia em março". Era um rastafári branco chamado Fat Marley.
Achei a idéia tão legal que comecei a fazer umas pesquisas obscuras no Napster, a brincadeira virou séria e acabou rendendo um
disco. Tem música que nem lembro de onde vem. Se quiserem me
processar, estou ferrado (risos).
Folha - O que você pretende fazer
agora?
Abujamra - Estou muito envolvido com a trilha sonora do novo
filme do Babenco, "Estação Carandiru". Ele é um monstro sagrado do cinema, e esse filme vai
para o mundo inteiro. Mas pretendo voltar a gravar solo mais
para a frente. Não consigo ficar
muito afastado do palco.
KARNAK. Quando: amanhã, às 21h, e
domingo, às 18h. Onde: Sesc Pompéia
- teatro (r. Clélia, 93, São Paulo, tel. 0/xx/
11/3871-7700). Quanto: R$ 7,50/R$ 15.
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