|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA/LANÇAMENTO
"SCARLET'S WALK"
Cantora americana faz, de viagens pelos EUA, música
Tori Amos encara a estrada e visita paisagens sentimentais
Divulgação
|
A cantora Tori Amos, em fotos feitas para o CD "Scarlet's Walk" |
DA REPORTAGEM LOCAL
O termo maturidade não soa
piegas, muito menos exagerado, para Tori Amos. Aos 39
anos, a cantora nascida na Carolina do Norte e que ganhou a atenção do mundo com a confessional
"Me and a Gun", de 1992, explora
agora seu diário de viagens pelos
Estados Unidos e por uma série
de experiências frustradas, sofridas ou simplesmente vividas, em
sua trajetória amorosa.
"Scarlet's Walk", seu novo e
sexto disco, é o que se pode chamar de um "road album" -vem
com mapa e tudo- não apenas
na quantidade de referências a
acidentes geográficos da América,
mas também na forma como se
encadeiam as suas 18 canções,
uma sucessão de sensações tão
voláteis e fulminantes quanto a
paisagem que vai se abrindo ao
ouvinte que seguir as indicações
da viagem musical de Amos.
Ao contrário de discos anteriores, como "Little Earthquakes"
(92) e "From the Choirgirl Hotel"
(98), a ruiva, insistentemente
comparada a Joni Mitchell, não
assume aqui uma única personalidade, a sua: permite-se a ingenuidade em "Amber Waves", a
devoção em "Strange", a (i)lógica
dos sonhos em "Carbon", a loucura libidinosa em "Crazy", a homenagem aos antepassados em
"Scarlet's Walk" e "Virginia"...
Faixa de trabalho, "A Sorta
Fairytale" parece reunir tudo isso.
Tristeza, desencontros, Novo México, paixão fadada ao fracasso.
Embalada num violãozinho folk e
percussão, "A Sorta Fairytale"
aparece ainda no primeiro videoclipe deste "Scarlet's Walk", em
que a cantora contracena com o
ator Adrien Brody ("O Pianista").
Não é, enfim, como de costume
em sua carreira, um disco fácil.
Transpassado por um piano chorado e arrastado e por arranjos de
cordas da Orquestra Sinfônica de
Londres, o "caminho de Escarlate" é tortuoso, pontuado de altos e
baixos, de canções que ora entristecem, ora empolgam. Montanha-russa pouco indicada para os
adeptos do pop fácil da maioria
das cantoras norte-americanas,
que, em termos de vendas, deixam Amos na poeira.
Pouco importa. "Scarlet's
Walk", que inaugura o novo contrato de Tori Amos com a Epic
após o rompimento com sua antiga gravadora, não foi feito para
vender muito mesmo. Está mais
para uma compilação de impressões gravadas com inspiração e
pretensão literária -o escritor
Neil Gaiman, citado em "Carbon", é notório amigo e "revisor".
"Scarlet's Walk" é jóia que, à
primeira vista, talvez pareça pedregulho para aqueles que, como
nós, não cresceram com os pés na
América ou em sua literatura.
(DIEGO ASSIS)
Scarlet's Walk
Artista: Tori Amos
Gravadora: Sony Music/Epic
Quanto: R$ 29, em média
Texto Anterior: A pasta do ministro Próximo Texto: Outros lançamentos: Like the Deserts Miss the Rain Índice
|