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CINEMA
Em entrevista à Folha, o suíço Arthur Cohn acredita que o filme de Walter Salles vai revigorar cinema brasileiro
Tenho orgulho de 'Central', diz produtor
CLÁUDIA PIRES
enviada especial a Salt Lake City
O filme brasileiro "Central do
Brasil" tem tudo para conseguir
um reconhecimento maior do
mercado internacional, segundo a
opinião do produtor Arthur Cohn.
O otimismo do produtor suíço,
que trabalhou com o diretor Walter Salles por quase dois anos no
projeto, teve sua comprovação durante exibição do filme na seção
"Lançamentos" do Sundance
Film Festival, na noite da última
segunda-feira (veja texto abaixo).
Se depender da reação positiva
do público presente à sua primeira
exibição, "Central do Brasil" pode
fazer história memorável entre as
produções brasileiras divulgadas
nos Estados Unidos.
"A divulgação é muito importante para o cinema brasileiro. Esse filme tem qualidades que qualquer cineasta gostaria de ver em
seus trabalhos. Será uma experiência que vai revigorar ainda mais a
indústria brasileira."
A previsão de Cohn inclui bons
retornos de investimento, mas o
produtor evita falar no assunto.
"Em todos os meus filmes, a parte
financeira não é a mais importante. Eu tenho orgulho de dizer que
considero minha contribuição
nessa área completamente irrelevante." É impossível negar, porém, que o esforço de Cohn tornou
o filme possível. Segundo Walter
Salles, "Central do Brasil" teve
custo de US$ 2,9 milhões.
Distribuição
A estratégia de distribuição do
filme -que será feita pela Sony-
e lançamento da produção no
mercado internacional também
deve favorecer o desempenho do
filme brasileiro.
"Não decidimos fazer o lançamento do filme nos Estados Unidos por lealdade ao Sundance Institute, primeiro a apoiar a produção. Esse festival reúne os melhores críticos e profissionais do setor. Se o filme agradar em Sundance, como tenho certeza que
vai, terá uma divulgação maior."
O produtor também não acredita que o fato de o filme ser legendado vai prejudicar sua aceitação pelo público americano. "A língua
portuguesa mostra a autenticidade
da história. Se o filme fosse falado
em inglês, nunca teria o mesmo
impacto", afirma o produtor.
Arthur Cohn é o único produtor
que recebeu cinco prêmios da Academia de Cinema, Artes e Ciências
de Los Angeles.
Seus últimos Oscars foram ganhos pelos trabalhos na produção
de "Dangerous Move", vencedor
de melhor filme estrangeiro em
1985, e por "American Dream",
documentário de Barbara Kopple
que recebeu o prêmio em 1991.
Ele também participou da produção de alguns filmes do diretor
Vittorio De Sica, como "Woman
Times Seven", com Shirley MacLaine, e "Sunflower", com Sophia Loren e Marcello Mastroiani.
Cohn afirma ter recebido o script
de "Central do Brasil" por meio
do Sundance Institute. "Achei a
história apaixonante, envolvente e
muito bem desenvolvida. Tenho
muito orgulho de ter trabalhado
nesse projeto."
"Recebemos centenas de roteiros por mês, mas esse nos interessou desde o primeiro momento",
completa a produtora-executiva
Lilian Birnbaum.
Arthur Cohn diz ainda que o reconhecimento do público será
"seu maior prêmio" no caso de
"Central do Brasil".
"Espero encontrar alguém na
rua daqui uns cinco anos que se
lembre das cenas do filme ou associe situações de sua vida com o que
foi mostrado na tela. Esse é o melhor prêmio que recebo quando faço um filme."
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