São Paulo, quarta, 21 de janeiro de 1998.



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CINEMA
Em entrevista à Folha, o suíço Arthur Cohn acredita que o filme de Walter Salles vai revigorar cinema brasileiro
Tenho orgulho de 'Central', diz produtor

CLÁUDIA PIRES
enviada especial a Salt Lake City

O filme brasileiro "Central do Brasil" tem tudo para conseguir um reconhecimento maior do mercado internacional, segundo a opinião do produtor Arthur Cohn.
O otimismo do produtor suíço, que trabalhou com o diretor Walter Salles por quase dois anos no projeto, teve sua comprovação durante exibição do filme na seção "Lançamentos" do Sundance Film Festival, na noite da última segunda-feira (veja texto abaixo).
Se depender da reação positiva do público presente à sua primeira exibição, "Central do Brasil" pode fazer história memorável entre as produções brasileiras divulgadas nos Estados Unidos.
"A divulgação é muito importante para o cinema brasileiro. Esse filme tem qualidades que qualquer cineasta gostaria de ver em seus trabalhos. Será uma experiência que vai revigorar ainda mais a indústria brasileira."
A previsão de Cohn inclui bons retornos de investimento, mas o produtor evita falar no assunto. "Em todos os meus filmes, a parte financeira não é a mais importante. Eu tenho orgulho de dizer que considero minha contribuição nessa área completamente irrelevante." É impossível negar, porém, que o esforço de Cohn tornou o filme possível. Segundo Walter Salles, "Central do Brasil" teve custo de US$ 2,9 milhões.
Distribuição
A estratégia de distribuição do filme -que será feita pela Sony- e lançamento da produção no mercado internacional também deve favorecer o desempenho do filme brasileiro.
"Não decidimos fazer o lançamento do filme nos Estados Unidos por lealdade ao Sundance Institute, primeiro a apoiar a produção. Esse festival reúne os melhores críticos e profissionais do setor. Se o filme agradar em Sundance, como tenho certeza que vai, terá uma divulgação maior."
O produtor também não acredita que o fato de o filme ser legendado vai prejudicar sua aceitação pelo público americano. "A língua portuguesa mostra a autenticidade da história. Se o filme fosse falado em inglês, nunca teria o mesmo impacto", afirma o produtor.
Arthur Cohn é o único produtor que recebeu cinco prêmios da Academia de Cinema, Artes e Ciências de Los Angeles.
Seus últimos Oscars foram ganhos pelos trabalhos na produção de "Dangerous Move", vencedor de melhor filme estrangeiro em 1985, e por "American Dream", documentário de Barbara Kopple que recebeu o prêmio em 1991.
Ele também participou da produção de alguns filmes do diretor Vittorio De Sica, como "Woman Times Seven", com Shirley MacLaine, e "Sunflower", com Sophia Loren e Marcello Mastroiani.
Cohn afirma ter recebido o script de "Central do Brasil" por meio do Sundance Institute. "Achei a história apaixonante, envolvente e muito bem desenvolvida. Tenho muito orgulho de ter trabalhado nesse projeto."
"Recebemos centenas de roteiros por mês, mas esse nos interessou desde o primeiro momento", completa a produtora-executiva Lilian Birnbaum.
Arthur Cohn diz ainda que o reconhecimento do público será "seu maior prêmio" no caso de "Central do Brasil".
"Espero encontrar alguém na rua daqui uns cinco anos que se lembre das cenas do filme ou associe situações de sua vida com o que foi mostrado na tela. Esse é o melhor prêmio que recebo quando faço um filme."



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