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GASTRONOMIA
Culinária paulista tem "jeito especial"
ANA PAULA RAGAZZI
da Redação
Falar em um "jeito paulista de
comer determinado prato" pode
ser mais apropriado do que falar
em "culinária paulista".
A gastronomia de São Paulo
acompanha as características de
metrópole da cidade. Seus pratos
típicos tiveram influência da colonização portuguesa, da convivência entre índios e negros, dos bandeirantes e sertanistas e, mais tarde, dos imigrantes europeus.
"O que marca a culinária paulista é a influência imigrante, que
trouxe maneiras diferentes para o
preparo de um prato", diz Mara
Salles, dona do restaurante Tordesilhas, em São Paulo, dedicado
à cozinha brasileira.
Estudiosa do assunto, Mara diz
que, se tivesse de citar um "prato
paulista", seria a salada: "Aquelas
que são servidas em cantinas,
com alface, tomate-caqui, ovo cozido e azeitona, que já são temperadas antes de irem para a mesa.
Esse é um prato e um hábito que
só vejo em São Paulo".
A cozinha do dia-a-dia pode ser
associada à culinária paulista.
Desde as comidas rápidas (bauru,
filé, pastel -leia texto abaixo) até
os chamados "pratos do dia", costumeiramente oferecidos pelos
tradicionais botecos da cidade.
Segunda-feira é dia do virado à
paulista, terça, da dobradinha ou
do frango com polenta, quarta, da
feijoada, quinta, das massas, sexta, do peixe. Explicações para esse
cardápio não são facilmente encontradas - à exceção do peixe
na sexta-feira, que, tradicionalmente, por motivos religiosos, é
dia de não comer carne.
No livro "São Paulo de Outrora", o autor Hernani da Silva Bruno indica que o hábito foi importado de Portugal -e devidamente adaptado ao paladar paulista:
lá, segunda-feira era dia de comer
fígado; terça, de comer tripa; e, às
quartas, rabada.
Não há explicação para a feijoada (em versão mais light) às quartas, mas o ritual explica o prato
aos sábados: trata-se de uma comida de preparo demorado e
acompanhada por uma bebida alcoólica: a idéia é passar horas comendo.
O ritual também explica o hábito paulistano de comer pizza -e
à noite. Paola Tarallo, da cantina
Speranza (tel.0/xx/11/5051-1229),
diz que o costume vem da tradição italiana: "A pizza é originária
de Nápoles, onde o hábito era comer o prato à noite, por ser de
preparo demorado. A massa precisa descansar, os ingredientes
devem estar bem picados e o forno precisa ser aquecido por
três,quatro horas".
Essa tradição já ficou para trás
na Itália -onde hoje em dia as
pessoas comem pizza a qualquer
hora do dia-, e em São Paulo
não é diferente: várias casas já oferecem pizza para o almoço, inclusive a tradicional Speranza.
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