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Baleiro "tira arestas" na produção
da Reportagem Local
Dono de dois CDs ("Onde Andará Stephen Fry?", de 1997, e "Vô
Imbolá", de 99), Zeca Baleiro investiu na produção em 99, orientando "Dindinha", de Ceumar, e
o independente "Ah!", da também mineira Patrícia Ahmaral.
"Faço mais como um prolongamento do trabalho de compositor, não tenho maiores pretensões", diz Zeca. "Não tenho domínio da função, que hoje passa
muito pelo saber tecnológico,
mas me acho capaz de fazer esse
tipo de coisa que fiz com elas."
Ele retoma o fio da história:
"Quando vi o show de Ceumar,
achei curioso. Mas o repertório
ainda estava longe do ideal, meio
de quem passou pela noite".
Como a cantora, o produtor diz
não querer demarcar território.
"Minha participação é mais para
tirar arestas que para colocar coisas", afirma, parecendo esquecer
que forneceu quatro canções
suas, além de apresentar a ela seu
conterrâneo Josias Sobrinho (em
duas faixas) e de reevocar a lembrança de Zé Ramalho, em "Galope Rasante".
"Falei para ela, brincando, que
ia matar tudo de bossa nova que
havia nela", continua Zeca. "Ceumar tinha um lance muito mineiro, existe esse carma com mineiros e baianos. A música mineira,
do clube da esquina, assim como
a bossa nova, foi ficando muito
repetitiva. Procurei limar."
Um produtor presente demais,
afinal? "Quando ela me convida,
claro que quer essa influência um
pouco, mas não algo impositivo,
como alguns produtores fazem. A
maior parte dos discos é de produtores de mão pesada, há muita
artificialidade. Esse vácuo ela ocupa, é simples, não buscou a falsa
sofisticação. É uma Clara Nunes
rediviva."
Figura parda do não-movimento, há ainda nessa história Tata
Fernandes, 36, cantora, ex-namorada de Chico César e presença
constante nos produtos do grupo
-em "Dindinha", ela é produtora-executiva e vocalista de fundo.
"Tata tem essa coisa de acompanhá-los, é meio Anais Nin. Está
junto, esclarece muito. Foi fundamental para o meu disco também", teoriza Ceumar.
Tata, por sua vez, repele a idéia
de se lançar como cantora: "Não
vou fazer carreira solo, sou vocalista (já cantou com Itamar Assumpção e Chico César, entre outros). Gosto do timbre da minha
voz combinada com as dos outros, não sozinha".
Deixa escapar um outro projeto
já em curso: "Eu e Chico César vamos fazer um CD infantil, com todo mundo cantando -Chico, Zeca, Rita Ribeiro, Ceumar, Vanessa
da Mata... Dependemos de definições de gravadora". Os membros
do não-movimento se movimentam.
(PAS)
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