São Paulo, sexta, 21 de fevereiro de 1997.

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LITERATURA
Mortes de Mário Palmério, Antonio Callado e Darcy Ribeiro abrem três vagas à academia de letras
Niemeyer e Furtado são cotados para ABL

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

Com a morte do antropólogo e acadêmico Darcy Ribeiro, integrantes da ABL (Academia Brasileira de Letras) já articulam duas candidaturas para ocupar a sua vaga: a do economista Celso Furtado e a do arquiteto Oscar Niemeyer.
Furtado, segundo um influente imortal que pede para não ser identificado, é um nome que o próprio Ribeiro já pensou em levar para a ABL. Niemeyer, um amigo de longa data do antropólogo, também agradaria.
Mas, se Niemeyer aceitasse, ainda segundo esse imortal, acabaria eleito por unanimidade. O arquiteto diz que a lembrança de seu nome é ``simpática'', mas que não aceitaria. ``Não tem sentido, eu sou desenhista'', afirma.
Mesmo assim, acadêmicos vão tentar convencer o arquiteto, por entender que a ABL, assim como a academia francesa, é formada não só por pessoas do mundo literário, mas, pelo que consideram personalidades da vida cultural do país.
No ano de seu centenário, a ABL reabre portas, após recesso, em 13 de março, com uma situação peculiar: há três vagas a serem ocupadas, com as mortes de Darcy, do romancista Mário Palmério e do escritor Antonio Callado.
A eleição para a vaga de Palmério já está marcada: 25 de março. Há três candidatos inscritos: o filósofo Tarcísio Padilha, o filólogo Leodegário Amarante Azevedo e a poeta Olga Savary, todos do Rio.
A eleição de Padilha, um pensador e educador católico, membro da Sociedade Brasileira dos Filósofos Católicos, é considerada certa por alguns acadêmicos. Mas Azevedo também tem boa cotação.
Outras vagas
As vagas de Callado e Ribeiro serão consideradas oficialmente abertas em 13 e 20 de março, respectivamente.
A eleição de Niemeyer ou Furtado não alteraria muito o perfil ideológico mais à esquerda representado pelo imortal Darcy Ribeiro. Mas, para a vaga do socialista Callado, é possível a eleição de um candidato mais ao centro.
De perfil liberal, o ex-diplomata, romancista e crítico literário Antônio Olinto, que se candidata pela terceira vez, é visto com bons olhos por muitos acadêmicos, sendo hoje considerado o favorito.
Com menos chance, deverá disputar a vaga o poeta e pintor José Paulo Moreira da Fonseca.
Como o voto dos acadêmicos é secreto, não é costume revelar os preferidos. Mas o ex-presidente da ABL Josué Montello dá a entender que Olinto deverá mesmo ser eleito para a vaga de Callado.
``Os dois têm representatividade cultural. Mas o Olinto tem uma obra mais extensa, traduzida em várias línguas. Ele tem toda uma vida dedicada às letras'', elogia Montello.

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