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LITERATURA
Mortes de Mário Palmério, Antonio Callado e Darcy Ribeiro abrem três vagas à academia de letras
Niemeyer e Furtado são cotados para ABL
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Com a morte do antropólogo e
acadêmico Darcy Ribeiro, integrantes da ABL (Academia Brasileira de Letras) já articulam duas
candidaturas para ocupar a sua vaga: a do economista Celso Furtado
e a do arquiteto Oscar Niemeyer.
Furtado, segundo um influente
imortal que pede para não ser
identificado, é um nome que o
próprio Ribeiro já pensou em levar
para a ABL. Niemeyer, um amigo
de longa data do antropólogo,
também agradaria.
Mas, se Niemeyer aceitasse, ainda segundo esse imortal, acabaria
eleito por unanimidade. O arquiteto diz que a lembrança de seu nome é ``simpática'', mas que não
aceitaria. ``Não tem sentido, eu
sou desenhista'', afirma.
Mesmo assim, acadêmicos vão
tentar convencer o arquiteto, por
entender que a ABL, assim como a
academia francesa, é formada não
só por pessoas do mundo literário,
mas, pelo que consideram personalidades da vida cultural do país.
No ano de seu centenário, a ABL
reabre portas, após recesso, em 13
de março, com uma situação peculiar: há três vagas a serem ocupadas, com as mortes de Darcy, do
romancista Mário Palmério e do
escritor Antonio Callado.
A eleição para a vaga de Palmério
já está marcada: 25 de março. Há
três candidatos inscritos: o filósofo
Tarcísio Padilha, o filólogo Leodegário Amarante Azevedo e a poeta
Olga Savary, todos do Rio.
A eleição de Padilha, um pensador e educador católico, membro
da Sociedade Brasileira dos Filósofos Católicos, é considerada certa
por alguns acadêmicos. Mas Azevedo também tem boa cotação.
Outras vagas
As vagas de Callado e Ribeiro serão consideradas oficialmente
abertas em 13 e 20 de março, respectivamente.
A eleição de Niemeyer ou Furtado não alteraria muito o perfil
ideológico mais à esquerda representado pelo imortal Darcy Ribeiro. Mas, para a vaga do socialista
Callado, é possível a eleição de um
candidato mais ao centro.
De perfil liberal, o ex-diplomata,
romancista e crítico literário Antônio Olinto, que se candidata pela
terceira vez, é visto com bons
olhos por muitos acadêmicos, sendo hoje considerado o favorito.
Com menos chance, deverá disputar a vaga o poeta e pintor José
Paulo Moreira da Fonseca.
Como o voto dos acadêmicos é
secreto, não é costume revelar os
preferidos. Mas o ex-presidente da
ABL Josué Montello dá a entender
que Olinto deverá mesmo ser eleito para a vaga de Callado.
``Os dois têm representatividade
cultural. Mas o Olinto tem uma
obra mais extensa, traduzida em
várias línguas. Ele tem toda uma
vida dedicada às letras'', elogia
Montello.
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