São Paulo, sexta, 21 de fevereiro de 1997.

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MÚSICA ERUDITA
Maestro diz que deve incluir composições israelenses
Zubin Mehta volta ao Brasil com a Filarmônica de Israel

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

Zubin Mehta está de volta ao Brasil. Em agosto, o maestro rege a Filarmônica de Israel em turnê sul-americana, que inclui em sua agenda as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Mehta é um velho conhecido do público brasileiro. Já esteve por aqui sete vezes. Na última delas, em 93, fez grandes concertos ao ar livre no Aterro do Flamengo, no Rio, e no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Zubin Mehta nasceu em Bombaim (Índia), em 29 de abril de 1936. Tentou carreira médica, mas acabou se mudando para Viena aos 18 anos, onde teve aulas com Hans Swarowsky.
Em 1961, foi o maestro mais jovem a reger a Filarmônica de Viena.
Mas sua carreira decolou mesmo na América, onde foi titular da Sinfônica de Montreal (1960-1967) e das filarmônicas de Los Angeles (1962-1977) e Nova York (1978-1991).
Sua passagem pelos Estados Unidos foi polêmica. Se, em Los Angeles, foi considerado o responsável por colocar a orquestra entre as principais do país, em Nova York, seu reinado foi visto como longo, conservador e prejudicial -seu sucessor, Kurt Masur, foi saudado pelos nova-iorquinos como salvador da pátria.
Para o grande público, entretanto, Mehta é o regente dos dois concertos de Carreras, Domingo e Pavarotti, nos mundiais de futebol da Itália (1990) e EUA (1994).
Na temporada 1995/1996, foi o quarto artista clássico a mais faturar -seus US$ 6 milhões o deixaram atrás, apenas, dos três tenores.
Mehta respondeu, por fax, algumas perguntas da Folha.

Folha - Quando o sr. está vindo ao Brasil?
Zubin Mehta -
Estaremos no Brasil na segunda metade de agosto. Com certeza, tocaremos no Rio e São Paulo. Quanto a outras cidades, ainda não há nada acertado. Também não definimos os programas. Não devemos levar solistas e podemos incluir obras compostas em Israel.
Folha - O sr. é um dos regentes mais ocupados da atualidade. Tendo tantos empregos, não há o risco de regentes como o sr. perderem contato com os músicos que deveriam comandar?
Mehta -
Atualmente, sou o diretor musical vitalício da Filarmônica de Israel, principal regente convidado do Maggio Musicale Fiorentino (em Florença, Itália) e diretor musical da Bayerische Staatsoper.
Jamais perco contato com os músicos. Tudo permanece como sempre foi.
Folha - O sr. está planejando uma nova edição do concerto dos Três Tenores, para a Copa do Mundo da França, em 1998? O que estes concertos ao ar livre realmente trazem: novos públicos para a música clássica ou dinheiro para o bolso dos intérpretes?
Mehta -
Já entraram em contato comigo, mas, até agora, nada foi decidido. Acho que estes concertos, antes de mais nada, trazem novos públicos para a música clássica.
Folha - Em Tanglewood, o sr. estudou com o regente brasileiro Eleazar de Carvalho, morto em setembro de 96, aos 84 anos. Como foi sua experiência com ele?
Mehta -
Gostei muito de estudar com Eleazar de Carvalho. Lembro-me dele com carinho. Ele me deu uma coisa muito importante: a experiência, de que um jovem regente tanto necessita.
Folha - Desde a época de Gustav Mahler, a Filarmônica de Nova York dá trabalho aos regentes. Das orquestras norte-americanas em que trabalhou (Nova York e Los Angeles) o sr. tem mais lembranças positivas ou negativas?
Mehta -
Entre as lembranças positivas, diria que, em ambas as orquestras, trabalhei com grandes musicistas.
Folha - Que obra o sr. ainda não regeu e gostaria de reger?
Mehta -
A ópera "Parsifal", de Richard Wagner.

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