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MÚSICA ERUDITA
Maestro diz que deve incluir composições israelenses
Zubin Mehta volta ao Brasil
com a Filarmônica de Israel
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
Zubin Mehta está de volta ao
Brasil. Em agosto, o maestro rege a
Filarmônica de Israel em turnê
sul-americana, que inclui em sua
agenda as cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro.
Mehta é um velho conhecido do
público brasileiro. Já esteve por
aqui sete vezes. Na última delas,
em 93, fez grandes concertos ao ar
livre no Aterro do Flamengo, no
Rio, e no parque Ibirapuera, em
São Paulo.
Zubin Mehta nasceu em Bombaim (Índia), em 29 de abril de
1936. Tentou carreira médica, mas
acabou se mudando para Viena
aos 18 anos, onde teve aulas com
Hans Swarowsky.
Em 1961, foi o maestro mais jovem a reger a Filarmônica de Viena.
Mas sua carreira decolou mesmo
na América, onde foi titular da
Sinfônica de Montreal (1960-1967)
e das filarmônicas de Los Angeles
(1962-1977) e Nova York
(1978-1991).
Sua passagem pelos Estados Unidos foi polêmica. Se, em Los Angeles, foi considerado o responsável
por colocar a orquestra entre as
principais do país, em Nova York,
seu reinado foi visto como longo,
conservador e prejudicial -seu
sucessor, Kurt Masur, foi saudado
pelos nova-iorquinos como salvador da pátria.
Para o grande público, entretanto, Mehta é o regente dos dois concertos de Carreras, Domingo e Pavarotti, nos mundiais de futebol da
Itália (1990) e EUA (1994).
Na temporada 1995/1996, foi o
quarto artista clássico a mais faturar -seus US$ 6 milhões o deixaram atrás, apenas, dos três tenores.
Mehta respondeu, por fax, algumas perguntas da Folha.
Folha - Quando o sr. está vindo
ao Brasil?
Zubin Mehta - Estaremos no
Brasil na segunda metade de agosto. Com certeza, tocaremos no Rio
e São Paulo. Quanto a outras cidades, ainda não há nada acertado.
Também não definimos os programas. Não devemos levar solistas e podemos incluir obras compostas em Israel.
Folha - O sr. é um dos regentes
mais ocupados da atualidade. Tendo tantos empregos, não há o risco
de regentes como o sr. perderem
contato com os músicos que deveriam comandar?
Mehta - Atualmente, sou o diretor musical vitalício da Filarmônica de Israel, principal regente
convidado do Maggio Musicale
Fiorentino (em Florença, Itália) e
diretor musical da Bayerische
Staatsoper.
Jamais perco contato com os
músicos. Tudo permanece como
sempre foi.
Folha - O sr. está planejando uma
nova edição do concerto dos Três
Tenores, para a Copa do Mundo da
França, em 1998? O que estes concertos ao ar livre realmente trazem: novos públicos para a música
clássica ou dinheiro para o bolso
dos intérpretes?
Mehta - Já entraram em contato comigo, mas, até agora, nada foi
decidido. Acho que estes concertos, antes de mais nada, trazem
novos públicos para a música clássica.
Folha - Em Tanglewood, o sr. estudou com o regente brasileiro
Eleazar de Carvalho, morto em setembro de 96, aos 84 anos. Como
foi sua experiência com ele?
Mehta - Gostei muito de estudar com Eleazar de Carvalho.
Lembro-me dele com carinho. Ele
me deu uma coisa muito importante: a experiência, de que um jovem regente tanto necessita.
Folha - Desde a época de Gustav
Mahler, a Filarmônica de Nova
York dá trabalho aos regentes. Das
orquestras norte-americanas em
que trabalhou (Nova York e Los
Angeles) o sr. tem mais lembranças positivas ou negativas?
Mehta - Entre as lembranças
positivas, diria que, em ambas as
orquestras, trabalhei com grandes
musicistas.
Folha - Que obra o sr. ainda não
regeu e gostaria de reger?
Mehta - A ópera "Parsifal", de
Richard Wagner.
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