São Paulo, sexta, 21 de fevereiro de 1997.

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PERSONALIDADE

Perícia investiga possibilidade de Science ter causado acidente

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Peritos do IC (Instituto de Criminalística) de Pernambuco investigam a possibilidade de o acidente que matou o cantor e compositor Chico Science ter sido provocado por erro do próprio artista.
O cantor, morto no dia 2, teria perdido o controle do carro que dirigia, ao tentar uma ultrapassagem em alta velocidade, pelo lado direito da av. Agamenon Magalhães, em Recife.
Durante a manobra, o Fiat Uno de Science teria tocado lateralmente em outro veículo. Com o choque, o músico teria perdido o controle do carro e batido em um poste.
Segundo o chefe administrativo do IC, o perito Joseildo de Souza, essa versão foi relatada por um taxista -cujo nome está sendo mantido em sigilo-, principal testemunha do acidente.
O motorista, disse Souza, afirmou ter visto o Uno dirigido por Science passar por ele em alta velocidade, sobre o viaduto que marca a divisa entre Recife e Olinda.
O cantor teria ultrapassado mais um veículo pela direita e, em seguida, tentado retornar à pista do meio, já na descida do viaduto. Nesse momento, teria ocorrido o abalroamento.
A versão do taxista -``que pode mudar, se ele quiser'', alertou Souza- coincide, a princípio, com alguns dados colhidos pelo Instituto de Criminalística no local.
Segundo Souza, foram constatadas marcas de frenagem de 25 metros, em sentido diagonal, na avenida.
As marcas de pneu terminam no meio-fio, onde sulcos na guia revelam que o carro percorreu ainda 16 metros antes de bater num poste.
Para o Instituto de Criminalística, as marcas comprovam que Science dirigia a pelo menos 110 km/h, quando ocorreu a colisão.
Testes laboratoriais feitos pelo IC, disse Souza, constataram também que a mancha azul encontrada na lateral esquerda do Fiat de Science é de tinta automotiva, mas não original de fábrica.
A tese relatada pelo taxista seria analisada ontem à noite pela polícia e por peritos, durante reconstituição no local do acidente. A simulação estava marcada para ter início às 21h.
Uma das principais dúvidas dos peritos era saber se o veículo que teria se chocado com o Fiat teria altura suficiente para deixar as marcas encontradas no carro dirigido por Science -abaixo do bocal de entrada de combustível.
Para a reconstituição, um trecho da av. Agamenon Magalhães seria interditado. Segundo o Detran, durante a uma hora e meia de trabalho previsto, cerca de 9.000 veículos teriam de ser desviados do local.

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