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PERSONALIDADE
Perícia investiga possibilidade
de Science ter causado acidente
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
Peritos do IC (Instituto de Criminalística) de Pernambuco investigam a possibilidade de o acidente
que matou o cantor e compositor
Chico Science ter sido provocado
por erro do próprio artista.
O cantor, morto no dia 2, teria
perdido o controle do carro que
dirigia, ao tentar uma ultrapassagem em alta velocidade, pelo lado
direito da av. Agamenon Magalhães, em Recife.
Durante a manobra, o Fiat Uno
de Science teria tocado lateralmente em outro veículo. Com o
choque, o músico teria perdido o
controle do carro e batido em um
poste.
Segundo o chefe administrativo
do IC, o perito Joseildo de Souza,
essa versão foi relatada por um taxista -cujo nome está sendo
mantido em sigilo-, principal
testemunha do acidente.
O motorista, disse Souza, afirmou ter visto o Uno dirigido por
Science passar por ele em alta velocidade, sobre o viaduto que marca
a divisa entre Recife e Olinda.
O cantor teria ultrapassado mais
um veículo pela direita e, em seguida, tentado retornar à pista do
meio, já na descida do viaduto.
Nesse momento, teria ocorrido o
abalroamento.
A versão do taxista -``que pode
mudar, se ele quiser'', alertou Souza- coincide, a princípio, com alguns dados colhidos pelo Instituto
de Criminalística no local.
Segundo Souza, foram constatadas marcas de frenagem de 25 metros, em sentido diagonal, na avenida.
As marcas de pneu terminam no
meio-fio, onde sulcos na guia revelam que o carro percorreu ainda 16
metros antes de bater num poste.
Para o Instituto de Criminalística, as marcas comprovam que
Science dirigia a pelo menos 110
km/h, quando ocorreu a colisão.
Testes laboratoriais feitos pelo
IC, disse Souza, constataram também que a mancha azul encontrada na lateral esquerda do Fiat de
Science é de tinta automotiva, mas
não original de fábrica.
A tese relatada pelo taxista seria
analisada ontem à noite pela polícia e por peritos, durante reconstituição no local do acidente. A simulação estava marcada para ter
início às 21h.
Uma das principais dúvidas dos
peritos era saber se o veículo que
teria se chocado com o Fiat teria
altura suficiente para deixar as
marcas encontradas no carro dirigido por Science -abaixo do bocal de entrada de combustível.
Para a reconstituição, um trecho
da av. Agamenon Magalhães seria
interditado. Segundo o Detran,
durante a uma hora e meia de trabalho previsto, cerca de 9.000 veículos teriam de ser desviados do
local.
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