|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERUDITO
Cearense José Maria Florêncio regeu filarmônica de Poznan até o ano passado e quer incrementar programação de ópera
Sinfônica Municipal tem "polonês" como novo regente
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de um ano "órfã", a Orquestra Sinfônica Municipal volta
a ter um maestro. Casado, pai de
duas filhas de 13 e 15 anos de idade
que mal arranham a língua portuguesa, o cearense José Maria Florêncio, 43, será o regente titular da
orquestra.
A Orquestra Sinfônica Municipal (OSM) estava trabalhando
apenas com regentes convidados
desde que, com a troca no comando do Executivo municipal, a gestão Serra resolveu não aproveitar
o norte-americano Ira Levin, que
estivera no cargo durante o governo Marta Suplicy.
Florêncio, que terminou de reger ontem as cinco récitas da
montagem de "As Bodas de Fígaro", de Mozart (que abriu a temporada de ópera do Municipal
neste ano), tem residência fixa em
Poznan, na Polônia, cuja filarmônica regeu por seis anos, até 2005.
As negociações para sua vinda,
envolvendo o maestro Jamil Maluf, diretor do teatro, e o secretário municipal da Cultura, Carlos
Augusto Calil, começaram em
novembro do ano passado, durante as apresentações de "Candide", de Leonard Bernstein. Ele
não participou da preparação da
temporada da orquestra para
2006. Neste ano, deve alternar seu
tempo entre o Brasil e a Europa.
Em São Paulo, isso inclui um espetáculo de balé entre 31 de março e 9 de abril; a ópera "La Gioconda", de Ponchielli, em agosto,
com a soprano Eliane Coelho; e
concertos da orquestra.
Origem popular
Filho de operários, Florêncio
começou sua musicalização no
Sesi do Ceará, sob os auspícios de
Alberto Jaffé. Tornou-se rapidamente violista profissional, chefiando aos 19 anos o naipe de violas da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde conviveu com o maestro Davi Machado e fez sua
estréia como regente profissional,
aos 20 anos.
A orquestra tinha uma série de
musicistas estrangeiros. Foi a
"spalla" (líder do naipe de violinos) da orquestra, a polonesa Maria Durek, quem sugeriu um aperfeiçoamento na Polônia. Assim,
em 1985, o jovem José Maria foi
estudar no país então governado
pelo general Wojciech Jaruzelski.
Desde então, ocupou posições
na orquestra da rádio de Cracóvia
e em teatros de ópera de Lodz,
Varsóvia e Wroclaw, além de ter
regido como convidado em vários
países europeus.
Cuidadoso, não critica a situação do Municipal, embora ache
que ela pode melhorar. "Queria
que o teatro fizesse muito mais
óperas, se tornasse quase um teatro de repertório, no qual ir à ópera não fosse um "feriado nacional",
que só acontece raramente", diz.
"Toda orquestra passa por altos
e baixos", avalia ele. "O que acontece na OSM, que definitivamente
não acontece nas orquestras da
Europa, é que os baixos são muito
baixos em relação aos altos", diz.
"Nivelar estas duas diferenças é o
papel do diretor artístico de um
grupo como esse. A OSM vai ter
de parar de pensar que é a segunda melhor orquestra do Brasil. Ela
vai ter de ser essa segunda melhor
do Brasil mesmo, todo dia."
Florêncio descarta, contudo, a
realização imediata de concursos
e audições, que implicariam em
mudanças no staff de músicos.
Texto Anterior: Fernando Bonassi: Porque matamos nossos filhos Próximo Texto: Panorâmica - Música: Liza Minelli vende casa com madrasta dentro Índice
|