São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Festival de Berlim premia Polanski e filme turco

Em prisão domiciliar na Suíça, cineasta franco-polonês leva troféu de melhor diretor, e Urso de Ouro fica com "Bal"

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM

Com uma seleção que privilegiou filmes independentes sobre famílias, o 60º Festival de Berlim premiou com o Urso de Ouro, na noite de ontem, o turco "Bal" (mel), de Semih Kaplanoglu, sobre a relação de um menino com seu pai.
O diretor havia declarado à Folha, antes de saber do resultado, que ficaria especialmente feliz, caso ganhasse o Urso, porque a Turquia não recebia o prêmio há "47, 48 anos". Na verdade fazia 46 anos -em 1964, o país saiu vencedor com "Susuz Yaz", de Metin Erksan.
A porção política, marca da Berlinale nos últimos anos, ficou para a premiação de Roman Polanski, 76, como melhor diretor, por "O Escritor Fantasma". O cineasta franco-polonês foi preso em setembro, acusado de fazer sexo com uma menor em 1977 nos EUA, e hoje cumpre prisão domiciliar na Suíça.
O troféu era o único palpite certo entre os críticos, não pela qualidade da obra, longe de ser unanimidade, mas como uma declaração do festival contra a prisão do diretor. Nos agradecimentos, um dos produtores que receberam o troféu por Polanski afirmou ter certeza "de que Roman está muito feliz. Mas ele disse que, mesmo que pudesse, não estaria aqui". Segundo o produtor, Polanski alegou para ele ao telefone: "Da última vez que fui a um festival receber um prêmio, fui parar na cadeia", alusão ao fato de ter sido detido justamente ao chegar à Suíça para receber um prêmio no Festival de Zurique.
O romeno "If I Want to Whistle, I Whistle", de Florin Serban, levou o Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo lugar. O russo "How I Ended This Summer", de Alexei Popogrebsky, ficou com dois troféus de melhor ator, para sua dupla de protagonistas, Grigori Dobrygin e Sergei Puskepalis. A atriz japonesa Shinobu Terajima levou o Urso de melhor atriz, por "Caterpillar".

Vik Muniz
Nas premiações paralelas, "Lixo Extraordinário", coprodução Reino Unido/Brasil, repetiu em Berlim o sucesso que fez nos EUA. Foi considerado, pelo público da Alemanha, o melhor filme da mostra Panorama -no festival de Sundance, em janeiro, recebeu o troféu de melhor documentário concedido pelos espectadores.
Dirigido pela inglesa Lucy Walker -João Jardim e Karen Halley assinam a codireção-, o filme mostra projeto de Vik com catadores de lixo no Rio.


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