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Festival de Berlim premia Polanski e filme turco
Em prisão domiciliar na Suíça, cineasta franco-polonês leva troféu de melhor diretor, e Urso de Ouro fica com "Bal"
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
Com uma seleção que privilegiou filmes independentes
sobre famílias, o 60º Festival de
Berlim premiou com o Urso de
Ouro, na noite de ontem, o turco "Bal" (mel), de Semih Kaplanoglu, sobre a relação de um
menino com seu pai.
O diretor havia declarado à
Folha, antes de saber do resultado, que ficaria especialmente
feliz, caso ganhasse o Urso, porque a Turquia não recebia o
prêmio há "47, 48 anos". Na
verdade fazia 46 anos -em
1964, o país saiu vencedor com
"Susuz Yaz", de Metin Erksan.
A porção política, marca da
Berlinale nos últimos anos, ficou para a premiação de Roman Polanski, 76, como melhor
diretor, por "O Escritor Fantasma". O cineasta franco-polonês
foi preso em setembro, acusado
de fazer sexo com uma menor
em 1977 nos EUA, e hoje cumpre prisão domiciliar na Suíça.
O troféu era o único palpite
certo entre os críticos, não pela
qualidade da obra, longe de ser
unanimidade, mas como uma
declaração do festival contra a
prisão do diretor. Nos agradecimentos, um dos produtores
que receberam o troféu por Polanski afirmou ter certeza "de
que Roman está muito feliz.
Mas ele disse que, mesmo que
pudesse, não estaria aqui". Segundo o produtor, Polanski alegou para ele ao telefone: "Da última vez que fui a um festival
receber um prêmio, fui parar
na cadeia", alusão ao fato de ter
sido detido justamente ao chegar à Suíça para receber um
prêmio no Festival de Zurique.
O romeno "If I Want to
Whistle, I Whistle", de Florin
Serban, levou o Grande Prêmio
do Júri, espécie de segundo lugar. O russo "How I Ended This
Summer", de Alexei Popogrebsky, ficou com dois troféus
de melhor ator, para sua dupla
de protagonistas, Grigori
Dobrygin e Sergei Puskepalis. A
atriz japonesa Shinobu Terajima levou o Urso de melhor
atriz, por "Caterpillar".
Vik Muniz
Nas premiações paralelas,
"Lixo Extraordinário", coprodução Reino Unido/Brasil, repetiu em Berlim o sucesso que
fez nos EUA. Foi considerado,
pelo público da Alemanha, o
melhor filme da mostra Panorama -no festival de Sundance, em janeiro, recebeu o troféu
de melhor documentário concedido pelos espectadores.
Dirigido pela inglesa Lucy
Walker -João Jardim e Karen
Halley assinam a codireção-, o
filme mostra projeto de Vik
com catadores de lixo no Rio.
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