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Lucy Barreto nega lobby
da Reportagem Local
"Não é lobby, é como as coisas
funcionam na indústria", diz Lucy
Barreto. A produtora, mãe dos cineastas Fábio e Bruno Barreto,
conta que a carreira internacional
de "O Que É Isso, Companheiro?"
começou antes de o filme ficar
pronto.
Graças aos contatos, profissionais e pessoais, da família Barreto,
a Pandora adquiriu os direitos para ser agente internacional de vendas quando o filme ainda estava
no primeiro corte.
Assim, ao ser exibido no festival
de Berlim, o filme foi comprado
pela Miramax para o mercado
norte-americano. "Com "O Quatrilho' foi iniciada uma relação
com a Pandora, que está se ampliando. Eles entraram no "Bela
Donna' (novo filme de Fábio Barreto, não-lançado) ainda no roteiro", afirmou Lucy.
"O Quatrilho", que foi indicado
ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 96 -e perdeu para "A
Excêntrica Família de Antônia"-
não chegou a entrar em circuito
nos EUA. O filme foi comprado
pela Pandora após ser exibido em
pelo menos três festivais.
Nesse esquema de co-produção,
a distribuidora internacional passa a ter mais direitos sobre o filme.
No caso de "Bela Donna", uma
adaptação do romance "Riacho
Grande", de José Lins do Rego, a
Pandora pôde sugerir, por exemplo, nomes para o elenco. "Você
troca idéias com eles. Muitas observações eu aceitei, outras não",
diz Lucy.
A produtora conta ainda que usa
seu conhecimento do mercado e
de seus profissionais formado em
"35 anos de atividade na indústria
e mais de 70 filmes" apenas quando é necessário. Cita, como exemplo, sua intervenção para que
"Companheiro" entrasse em cartaz no Lincoln Plaza, sala nova-iorquina frequentada tradicionalmente por um público interessado em filmes estrangeiros e/ou
independentes.
A Miramax queria exibir o filme
no Regency. "Disse que não era
adequado, que eles deviam tentar
o outro. Mas, como o contato demorou, as datas estavam todas tomadas."
A solução encontrada por ela foi
falar diretamente com o dono do
cinema, seu amigo desde os anos
60. "Ele havia me ligado para contar que a Miramax não tinha feito
contato. Fiquei chateadíssima.
Quando liguei novamente, argumentei o quanto era importante
que o filme fosse exibido lá e ele
voltou atrás", afirmou.
Segundo ela, "as relações valem
para isso; são, fundamentalmente,
de amizade e credibilidade".
A entrada dos Barreto na indústria cinematográfica norte-americana pode ser ampliada no novo
projeto de Bruno. O cineasta está
discutindo uma co-produção diretamente com a Miramax para seu
próximo projeto, "Taylor Made"
(Feito sob medida). O filme é uma
adaptação do romance "Senhorita
Simpson", de Sérgio Sant"Anna,
com a atriz Amy Irving, mulher de
Barreto, no elenco.
"Se você vender o filme no roteiro, o preço é mais baixo. Mas, como precisa recuperar o dinheiro
que investiu, a distribuidora se
empenha mais para vender o filme
depois. Isso garante que ele vai entrar no mercado", disse Barreto.
O cineasta nega que isso possa
ter consequências negativas para a
produção, como uma intervenção
exagerada da distribuidora, que
alteraria a obra. "Nos meus filmes,
sempre exijo ter o corte final."
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