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ERIKA PALOMINO
ANSIEDADE, MODERNISMO, ESPAÇO, LUZ E MÚSICA
Nestes tempos de ansiedade, em
que a relevância de tudo é questionada, mesmo que seja durante
o espaço de um sinal vermelho,
algumas manifestações integram-se e nos integram. Nos próprios
sinais de trânsito, uma boa idéia:
amanhã, das 21h às 22h, o projeto
"Street Video" conecta a cidade
com a música eletrônica de modo
inédito: 14 painéis digitais espalhados por importantes cruzamentos ganham imagens do VJ
Alexis, um dos mais queridos do
circuito de festas e raves. Em sintonia com o que estará tocando
no programa "Clubtronic", apresentado pela jornalista Claudia
Assef e pela produtora Patricia
Correia. Paulista com Campinas;
Rebouças com Faria Lima; Cidade Jardim com Faria Lima; Consolação; Berrini com Águas Espraiadas... (confira o roteiro completo no site www.erikapalomino.com.br).
O eletrônico parece, de fato, trilha sonora perfeita para a vida urbana. O artista francês Pierre
Huyghe percebeu isso já em 2001,
quando estreou no ICA de Londres a mostra coletiva "In Many
Ways the Exhibition Already
Happened", considerada uma
monografia de grupo, a primeira
exposição coordenada pela brasileira Cristina Ricupero no moderno espaço, juntamente com o estúdio gráfico M/M Paris, autor
das capas da cantora Björk e, agora, responsável pela direção de arte da revista "Vogue" francesa.
CÓDIGO MORSE
No ICA, Huyghe exibiu pela
primeira vez "Les Grands Ensembles", uma projeção em vídeo com ambientação de fumaça, em que o espectador acompanha o apagar e o acender das
luzes das janelas de dois prédios
(cujo estilo se baseia no dos
conjuntos residenciais franceses populares dos anos 70), ao
som de um tecno minimalista.
A experiência, espécie de "Contatos Imediatos" urbana, integra o espectador numa envolvente e solitária situação (a luz
chega a lembrar a desconcertante imagem de Bagdá amanhecendo, que o mundo viu pela TV anteontem...).
Este trabalho de Huyghe está
hoje (e até 4 de maio) no museu
Guggenheim de Nova York, por
ter ganho o Prêmio Hugo Boss
em outubro de 2002. De fato, foi
a partir dos "Grands Ensembles" que Huyghe chamou a
atenção do mundo. Ele expôs
na Bienal de Veneza de 2001 sua
famosa lâmpada criada com
outro artista, Philippe Parreno.
Sempre discutindo a própria
natureza das exposições, usando a luz como mídia, Huyghe
fez uma das grandes ações do
mundo das artes. Em 1999, junto com Parreno, ele comprou
por US$ 432 os direitos de uma
personagem do mangá japonês
que eles viram num catálogo de
compra pelo correio. Ainda
desconhecida, a bonequinha
kawaii (fofa) recebeu o nome de
AnnLee, e 15 artistas, a incumbência de interpretar seu mundo e seu melancólico olhar.
FOGOS DE ARTIFÍCIO
Na mostra "No Ghost, Just a
Shell", aberta primeiro em
Cambridge (no Institute of Visual Culture e depois no San
Francisco Museum of Art, onde
ela fica até o final deste mês), a
boneca vira solitário ícone da
contemporaneidade e é também "morta" pela dupla, na peça "A Smile without a Cat (Celebration of Annlee's Vanishing)", instalação feita com luzes e fogos de artifício em 4 de
dezembro nos céus de Miami.
Tudo está conectado. Quer ver?
Da turma de artistas da mostra
de AnnLee, faz parte Dominique Gonzalez-Foerster, a mesma que criou a nova loja da Balenciaga para Nicolas Ghesquiere, aberta em fevereiro último em Nova York, justamente
uma árida mistura de natureza
e urbanidade. Huyghe, por sua
vez, assinou o projeto dos provadores da nova loja do masculino da Dior, para Hedi Slimane, no número 14 da Via Montenapoleone em Milão. Minimalista e etérea, com portas automáticas, a loja tem nas cabines uma série de lâmpadas atrás
de vidros que ecoam os movimentos do comprador, graças a
detectores de movimento na
parede oposta.
ARTISTAS DO ESPAÇO
A badalada Dominique, que
prefere ser chamada de "space
artist" (artista do espaço), mostra-se muito interessada em
forma e arquitetura e, já em 99,
na mostra "Modernidade Tropical", trabalhou com imagens
do Rio, de Niterói e de Brasília.
Niemeyer é a referência, claro. E
o sucessor de Oscar Niemeyer,
conforme batizou o "New York
Times" em sua edição de 27 de
fevereiro último, é Isay Weinfeld. São Paulo, por sua vez, recebeu recentemente trabalhos
como a loja da Forum e o prédio
da agência 0800, onde está instalada a descolada revistaria Zine. Mas agora a contagem regressiva é para junho ou julho,
para a abertura do hotel Fasano,
uma torre de cem metros de altura na rua Sarandi, entre a Bela
Cintra e Haddock Lobo, com 68
apartamentos, seis suítes executivas e duas presidenciais, com
vista especial de São Paulo, em
toda sua pulsante (pós)modernidade tropical.
VIDA AMERICANA
Já na segunda-feira chega às rádios do mundo "American Life", novo single de Madonna,
que você vê aqui na imagem da
revista norte-americana "W",
em foto de Steven Klein e direção de arte do brasileiro Giovanni Bianco.
Os nova-iorquinos receberam
antes e a publicação esgotou.
Segundo a direção da revista,
esta edição vai bater recorde de
venda. O disco em si sai daqui a
um mês (22 de abril lançamento mundial, Brasil incluído).
Design da capa: M/M Paris.
palomino@uol.com.br
na noite ilustrada
Hoje: reabre o Pix, com reformas, a entrada de Marcelo Sommer no clã e novo sistema de ar-condicionado. No som: Mauricio UM e André Juliani. O DJ Marco Carola volta ao Brasil e toca hoje no Lov.e. A marca Slam estará fotografando sua campanha nesta noite, que também tem Renato Cohen e Mau Mau; outra opção é a festa gay Ultralevel, que acontece no clube Level com o DJ Renato Lopes e o clã da Level; para quem gosta de electro, tem Electroshock no Xingu, com Liana Padilha e Luca Lauri. Sábado tem André Fischer na divertida Trash 80's, no Caravaggio, e mais de 50 DJs tocam no aniversário de um ano do Susi in Transe (av. São João, 126), incluindo Julien Liberator, Julião, Andréa Gram, Erik Caramelo, entre outros. Na terça, Gláucia ++ comanda a noite Elektra com Fabio Spavieri, Oscar Bueno e Soul Culture (a.k.a. André Juliani); o promoter Guigo está à frente da noite black Chocolate Beats no Mood e Marcão Morcerf faz mais uma de suas noites Jack no Lov.e, com os DJs Mirr, Fuzu-E e Phillip A.
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