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FESTIVAL DE CURITIBA
Atores se adaptam às condições
Companhias se alternam com rapidez nos "palcos" do Fringe
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Nos 11 dias desta edição do Fringe, mostra paralela do Festival de
Teatro de Curitiba (FTC), as cerca
de 200 produções levam em média duas horas para transformar
cada um dos espaços conforme
sua concepção. Mal termina a sessão, em minutos tudo é desmontado para o espetáculo seguinte.
A reportagem da Folha acompanhou essa rotatividade típica
do evento. O local escolhido, entre
os 48 oferecidos, foi o Solar do Barão, complexo de quatro edifícios
históricos do centro de Curitiba, o
mais antigo deles erguido em
1880. No sábado passado, cinco
grupos passaram por ali.
Às 9h30, a atriz Evelyn Ligocki é
a primeira a pedir a chave a um
dos vigias. Ela é de Porto Alegre,
mora há três meses em Campinas
e traz o monólogo "Borboletas de
Sol de Asas Magoadas", sobre o
cotidiano de um travesti.
Não demora, aparece o funcionário do festival que vai ajudá-la
na montagem. É o terceiro dia de
sessão no Fringe, e Ligocki, 26, está mais conformada com os problemas que diz enfrentar.
Pagou R$ 60 por cada uma das
oito apresentações (R$ 480), sob a
promessa da organização de que
as cadeiras do público seriam colocadas sobre o palco, formando
uma semiarena. Só não esperava
que o tablado medisse apenas 7 m
x 10 m, improvisado numa sala
originalmente destinada a concertos (no fundo da platéia, nota-se um piano de calda). "Fiquei decepcionada. Depois daqui, supero
confusões de produção em qualquer lugar", afirma Ligocki.
A produtora Bianca Petersen,
28, coordena os trabalhos no Solar do Barão. Ao longo do evento,
13 grupos passarão pelo espaço,
revezando os horários das 11h,
14h, 17h, 20h e 23h. Desde fevereiro, ela procura atender às necessidades dos artistas relacionadas à
adaptação do espaço.
A apresentação de "Borboletas..." termina às 12h05 e é vista
por 26 espectadores.
O grupo seguinte é o Teatro Fúria, de Cuiabá (MT). Seus oito integrantes viajaram 28 horas para
fazer dez apresentações. Conseguiram passagens com a prefeitura de sua cidade e gastaram cerca
de R$ 2.500 para trazer "Toma Lá,
Dá Cá - A Justiça do Zero a Zero",
sobre seres que querem "dormir o
sono dos justos".
"Havia 116 peças em 2001, quando viemos pela primeira vez. Agora, é quase o dobro. O festival aumentou, mas o público do Fringe
ficou mais disperso", diz o diretor
do Fúria, Giovanni Araújo.
Nove pessoas assistem à sessão,
que termina às 14h10. No edifício
vizinho, às 17h, acontece o solo
"Isadora Duncan", de SP, interpretado por Izabela Pimentel.
Plano B
Foi o vigia Pedro Witkovski
quem indicou a sala alternativa a
Levy. Ela levou um susto ao se deparar com a sala das demais produções, não apropriada à sua proposta cênica. O "plano B" encaixou-se plenamente.
De volta ao outro edifício, a
quarta atração, "Estado de Sítio",
resulta de projeto do Galpão Cine
Horto, de Belo Horizonte. A montagem é dirigida por Marcelo Bones. Os 11 atores e dois técnicos se
hospedaram num hotel da esquina do solar. O elenco usa espelhos
do quarto como camarim. Descem as escadas, passam pelo saguão, atravessam a rua e chegam
ao espaço para a sessão das 20h.
Com 62 espectadores.
Já passam seis minutos de domingo quando a Cia. Paulista de
Artes, de Jundiaí, entra em cena
com "Jogos na Hora da Sesta", direção de Jorge Julião, com 29 pessoas na platéia. Cerca de 90 minutos depois, o vigia terá fechado o
Solar do Barão até o reinicio da
jornada na manhã seguinte.
O jornalista Valmir Santos e a repórter-fotográfica Lenise Pinheiro viajam a
convite da organização do FTC
15º Festival de Teatro de Curitiba
Quando: até 26/3
Mais informações pelo tel.0/xx/41/
3016-3400 e pelo site
www.festivaldeteatro.com.br
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