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CONEXÃO POP
Império dos sonhos
"Devotion", disco da dupla americana Beach House, faz da música pop uma paisagem delicada e onírica
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
LETRAS EXISTENCIAIS , harmonias etéreas, melodias bem-arrumadas, textura celestial.
Nos anos 1980, bandas que faziam
esse tipo de música foram agrupadas em torno do nome "dream pop".
Esse pop onírico ganha nova dimensão com "Devotion", disco da banda
norte-americana Beach House.
Diferentemente do nome (medonho, mais apropriado para acompanhar artista de dance music farofa
dos anos 1990), a música do Beach
House é elegante, contida, delicada.
O guitarrista e tecladista Alex
Scally e a vocalista Victoria Legrand
lançaram "Devotion" no exterior há
três semanas. Os dois são de Baltimore (EUA), e o dream pop que fazem é completamente diferente do
electro-Miami-rock da turma eletrônica de Baltimore.
O primeiro disco do Beach House,
homônimo, saiu em 2006. Ali a dupla já delineava a paisagem que estaria completa em "Devotion".
Até por causa da voz e da sensualidade de Legrand, o Beach House nos
remete a Nico (Velvet Underground) e a Karen Carpenter.
Mas as referências vão além, encontrando grupos de dream pop como This Mortal Coil, Cocteau Twins
e Mazzy Star.
O Beach House é menos etéreo,
mais terreno, do que Cocteau
Twins. A voz de Legrand parece nos
abraçar em faixas como "You Came
to Me" e "D.A.R.L.I.N.G.".
Em princípio, as 11 faixas de "Devotion" são similares entre si; mas a
beleza de seus arranjos dissipa o
aparente teor monótono.
"Gila", que parece saída de "Asas
do Desejo", é um caso à parte, com
um sublime contraponto agridoce
entre a voz distante de Legrand e a
melodia acolhedora da canção.
Há ainda um criativo cover de "Some Things Last a Long Time", música do errático Daniel Johnston.
Para ouvir "Gila" e outras faixas da
dupla, vá ao em www.myspace.com/beachhousemusic.
A voz de Victoria Legrand tem paralelos na melancólica disco do
Chromatics (www.myspace.com/chromaticsmusics), e em
"Century", música nova da banda
neo-britpop Long Blondes (ouça
"Century" em www.myspace.com/thelongblondes).
Natural de Angola, o kuduro, como
o nosso funk carioca, se espalha pelo mundo e é reinterpretado por
artistas de outros gêneros. Em sua
essência, o kuduro é feito por instrumentos eletrônicos básicos,
com ritmo e vocal acelerados. Mas
já existe o "new kuduro", que se
aproxima do electro, de gente como os portugueses Buraka Som
Sistema.
A banda colocou no YouTube um
vídeo da faixa "Sound of Kuduro",
com participação da anglo-cingalesa M.I.A. e dos angolanos Saborosa
e Puto Prata. Vídeo e música são
sensacionais; veja no YouTube: digite "buraka", "sistema", "sound",
"kuduro".
thiago@folhasp.com.br
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