São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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CONEXÃO POP

Império dos sonhos

"Devotion", disco da dupla americana Beach House, faz da música pop uma paisagem delicada e onírica

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

LETRAS EXISTENCIAIS , harmonias etéreas, melodias bem-arrumadas, textura celestial. Nos anos 1980, bandas que faziam esse tipo de música foram agrupadas em torno do nome "dream pop". Esse pop onírico ganha nova dimensão com "Devotion", disco da banda norte-americana Beach House.
Diferentemente do nome (medonho, mais apropriado para acompanhar artista de dance music farofa dos anos 1990), a música do Beach House é elegante, contida, delicada.
O guitarrista e tecladista Alex Scally e a vocalista Victoria Legrand lançaram "Devotion" no exterior há três semanas. Os dois são de Baltimore (EUA), e o dream pop que fazem é completamente diferente do electro-Miami-rock da turma eletrônica de Baltimore.
O primeiro disco do Beach House, homônimo, saiu em 2006. Ali a dupla já delineava a paisagem que estaria completa em "Devotion". Até por causa da voz e da sensualidade de Legrand, o Beach House nos remete a Nico (Velvet Underground) e a Karen Carpenter. Mas as referências vão além, encontrando grupos de dream pop como This Mortal Coil, Cocteau Twins e Mazzy Star.
O Beach House é menos etéreo, mais terreno, do que Cocteau Twins. A voz de Legrand parece nos abraçar em faixas como "You Came to Me" e "D.A.R.L.I.N.G.".
Em princípio, as 11 faixas de "Devotion" são similares entre si; mas a beleza de seus arranjos dissipa o aparente teor monótono. "Gila", que parece saída de "Asas do Desejo", é um caso à parte, com um sublime contraponto agridoce entre a voz distante de Legrand e a melodia acolhedora da canção. Há ainda um criativo cover de "Some Things Last a Long Time", música do errático Daniel Johnston. Para ouvir "Gila" e outras faixas da dupla, vá ao em www.myspace.com/beachhousemusic.

 

A voz de Victoria Legrand tem paralelos na melancólica disco do Chromatics (www.myspace.com/chromaticsmusics), e em "Century", música nova da banda neo-britpop Long Blondes (ouça "Century" em www.myspace.com/thelongblondes).
 

Natural de Angola, o kuduro, como o nosso funk carioca, se espalha pelo mundo e é reinterpretado por artistas de outros gêneros. Em sua essência, o kuduro é feito por instrumentos eletrônicos básicos, com ritmo e vocal acelerados. Mas já existe o "new kuduro", que se aproxima do electro, de gente como os portugueses Buraka Som Sistema.
A banda colocou no YouTube um vídeo da faixa "Sound of Kuduro", com participação da anglo-cingalesa M.I.A. e dos angolanos Saborosa e Puto Prata. Vídeo e música são sensacionais; veja no YouTube: digite "buraka", "sistema", "sound", "kuduro".

thiago@folhasp.com.br

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