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entrevista
Autora quer "quebrar" os tabus sexuais
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
Jornalista e apresentadora de TV, a escritora estreante Charlotte Roche,
31, ressalta que "Zonas
Úmidas", ainda que "nojento" e até mesmo erótico, não teve a intenção de
chocar. Um dos seus principais alvos era, de fato, a
tal "literatura de mulherzinha" e seus derivados,
como "Sex and the City".
"Eles não têm nada a ver
com o mundo real ou a minha vida", diz Roche à Folha. "Quis ser completamente honesta em relação
às coisas nojentas que todos nós temos em nossos
corpos e com as quais temos de lidar todo dia."
Outro objetivo, diz Roche, era quebrar tabus relacionados ao corpo e à sexualidade. "Esses tabus
sempre isolam você. Assim que vocês os quebra,
ainda que seja fazendo
uma piada a respeito, você
descobre que outras pessoas também têm problemas e já não está mais sozinho", afirma a escritora.
Banho x sexo
Salvo o pano de fundo
do dramático divórcio dos
pais, "Zonas Úmidas" pouco teria de autobiográfico,
ressalta Roche. A escritora
conta que algumas pessoas pensam que ela não
toma banho ou que é
"completamente cabeluda". Enganam-se, diz:
"O que realmente não
faço é usar perfume. Uso
desodorante sem perfume", afirma a escritora,
para quem o excesso de
banhos parece sintoma de
problemas sexuais.
"Conheço várias pessoas que tomam dois ou
três banhos por dia. Acho
que elas devem odiar a si
mesmo e estão lutando
contra seus corpos e sua
sexualidade. E, se você detesta o cheiro do seu corpo, então deve ser realmente horrível transar."
Charlotte diz que não
sabe precisar o perfil de
seu vasto leitorado. Nas
leituras que fez pela Europa, diz ela, havia uma
maioria de mulheres jovens, algo em torno de
80%. Os 20% restantes
eram "vovozinhas". "Mas
o livro fez muito sucesso
na Amazon, o que me leva
a crer que muitas pessoas,
em cidades pequenas, sentiam-se constrangidas de
ir a uma livraria comprá-lo. Acho que muitos dos
leitores são homens."
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